PIB se manteve estável no terceiro trimestre, apontam estimativas
Rio de Janeiro, 2 dez 2019 (AFP) - A economia brasileira se manteve estável no terceiro trimestre, e as expectativas de crescimento estão em alta, mas não o suficiente para acalmar os temores do presidente Jair Bolsonaro de um contágio com a onda de descontentamento social da região - avaliam analistas.
Os dados do PIB serão divulgados nesta terça-feira (3) pelo IBGE. A estimativa média de 35 instituições financeiras consultadas pelo jornal "Valor Econômico" é de uma expansão de 0,4%, no período de julho a setembro com relação ao trimestre anterior, e de 1%, interanual.
Se confirmado, seria o mesmo ritmo trimestral de abril a junho, depois de um primeiro trimestre de contração do PIB (-0,2%).
Segundo estimativas, o motor do terceiro trimestre foi o consumo dos lares, que teria crescido 0,6%, graças à redução das taxas de juros e à liberação de recursos do FGTS.
As previsões do governo e dos investidores para 2019 se situam em torno de um crescimento de 1%, em linha com o 1,1% de 2017 e de 2018. Essa taxa é extremamente frágil para reduzir o desemprego, que afeta 12,4 milhões de pessoas.
Este número é superior, porém, ao 0,87% previsto há dois meses pela pesquisa Focus de expectativas do mercado, que também elevou sua previsão para 2020, de 2% para 2,20%, apostando em um reforço dos sinais de dinamização de alguns setores.
Após cortar sua taxa básica de juros de 5,5% para um novo mínimo histórico, de 5%, o Banco Central indicou no mês passado que, a partir do quarto trimestre, haverá alguma aceleração do crescimento, fortalecida pelo estímulo ao consumo.
"Até faz pouco tempo, tínhamos uma estagnação econômica. Se fossem 2%, seria uma mudança de patamar, revelaria certo dinamismo", sustenta Mauro Rochlin, professor de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro.
"Não sei se vai acontecer isso. Temos alguns poucos dados alentadores", mas que, por enquanto, são apenas "representativos desse clima mais esperançoso", acrescenta.
- Medo de convulsão social -O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixou espaço para um novo corte de juros em 11 de dezembro, na condição de que se mantenha a perseverança dos ajustes necessários depois da recente aprovação da reforma da Previdência.
No começo de novembro, o governo apresentou três projetos de reformas constitucionais para transformar o Estado brasileiro, prometendo a redução drástica do déficit, a fim de recuperar a confiança dos investidores.
A onda de protestos sociais em países com governos conservadores, como Chile e Colômbia, levaram Bolsonaro a frear o impulso de seu ministro da Economia, Paulo Guedes, porém, adiando uma reforma administrativa.
Guedes insiste na necessidade de acelerar as reformas, mas se resigna a considerar os fatores políticos.
Os analistas também apontam que as reformas terão maior dificuldade de serem aprovadas, devido às divisões que reinam entre os aliados de Bolsonaro. O presidente rompeu com o Partido Social Liberal (PSL), partido que o levou ao poder, para criar um novo, o Aliança pelo Brasil.
Apresentar três reformas constitucionais "é um projeto ambicioso para qualquer governo" e muito mais para um que tem "uma dificuldade muito grande de gerenciar as relações com a base parlamentar", afirmou Pedro Paulo Silveira, economista-chefe da consultoria Nova Futura Investimentos.
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