Irã lança primeiro satélite militar, em meio a tensões com EUA
Teerã, 22 Abr 2020 (AFP) - A Guarda Revolucionária do Irã anunciou nesta quarta-feira (22) o lançamento com sucesso de seu primeiro satélite militar, uma notícia que coincide com o aumento da tensão com os Estados Unidos na região do Golfo.
Os Guardiões da Revolução expressaram sua satisfação com o lançamento bem-sucedido do satélite "Nour" (luz, em persa).
"Esta ação será um grande sucesso e um novo desenvolvimento no terreno espacial para o Irã Islâmico", reagiram os Guardiões em seu site, Sepahnews.
O satélite, lançado do deserto de Markazi (centro), foi colocado em órbita a cerca de 425 quilômetros da Terra, segundo essas fontes.
A televisão estatal transmitiu imagens do satélite ligado a um foguete para o lançamento na quarta-feira.
"Sinceros cumprimentos à Força Aérea dos IRGC (Guarda Revolucionária Iraniana, na sigla em inglês) por essa grande conquista nacional", tuitou o ministro das Telecomunicações iraniano, Javad Azari Jahromi, em referência ao exército encarregado de defender os valores ideológicos da Revolução Islâmica.
Israel denunciou o lançamento - ainda não verificado por fonte independente - como uma "fachada para o desenvolvimento [empreendido] pelo Irã de tecnologia balística avançada", alegando em comunicado que o Irã teria violado a resolução 2231 do Conselho de Segurança da ONU.
A determinação obriga Teerã a "não se envolver em nenhuma atividade relacionada a mísseis balísticos projetados para transportar cargas nucleares, incluindo o disparo de projéteis usando essa tecnologia de mísseis".
"Creio que o Irã deve ser responsabilizado pelo que fez", disse o secretário de Estado Mike Pompeo à imprensa.
O ex-conselheiro de Segurança Nacional de Trump, John Bolton, disse no Twitter que o lançamento é uma "prova" de que mais pressão deve ser exercida sobre o Irã. "Os aiatolás não diminuíram a ritmo apesar do coronavírus", disse ele.
Em 9 de fevereiro, o Irã lançou, sem sucesso, um satélite de observação científica, chamado "Zafar" (vitória, em persa), alguns dias antes do 41º aniversário da Revolução Islâmica.
- Sanções e coronavírus -Irã e Estados Unidos se aproximaram de um confronto direto em várias ocasiões nos últimos anos.
Em 2018, a rivalidade entre Teerã e Washington aumentou quando o presidente americano, Donald Trump, retirou-se unilateralmente do tratado sobre o programa nuclear iraniano.
Em janeiro deste ano, a tensão voltou a aumentar quando um ataque com um drone dos Estados Unidos matou no Iraque o general Qassem Soleimani, comandante da Força Quds, responsável pelas operações no exterior da Guarda Revolucionária.
Washington já criticou diversas vezes o programa de satélites iranianos. Teerã alega que não tem interesse em adquirir armas nucleares, afirmando que suas atividades aeroespaciais são pacíficas e cumprem as resoluções do Conselho de Segurança da ONU.
Por outro lado, o presidente Trump afirmou na quarta-feira que deu a ordem de "destruir" qualquer embarcação iraniana que "ameace" navios americanos no Golfo, após o último incidente, em 15 de abril, entre navios americanos e embarcações dos Guardiões da Revolução.
A República Islâmica, um dos países mais afetados do mundo pela pandemia do novo coronavírus, acusa Washington de "terrorismo econômico" pelas sanções aplicadas ao país desde que se retirou do tratado nuclear internacional.
O Irã afirma que as sanções impedem o país de ter acesso a medicamentos e insumos necessários para lutar contra a COVID-19.
O balanço do país registra quase 5.300 mortes e 85.000 infectados desde o surgimento dos primeiros casos de coronavírus, em 19 de fevereiro.
Mas para analistas, o número real de vítimas fatais e de contaminados no país é muito maior.
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