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Preços dos produtos frescos disparam na Europa pelo coronavírus

06/05/2020 08h44

Frankfurt am Main, 6 Mai 2020 (AFP) - Frutas, legumes e carne. Andando pelos corredores do supermercado de seu bairro em Frankfurt, Nathalie, de 54 anos, vê como os preços dos produtos frescos aumentaram nas últimas semanas.

Desde o início da pandemia de coronavírus, "os pimentões ficaram especialmente caros", diz a alemã.

Como ela, os consumidores de vários países europeus viram o preço dos produtos frescos subir.

A causa do aumento são as medidas restritivas para combater a pandemia impostas em todo o continente, o que complica a produção, atrasa a oferta e aumenta a demanda.

Na Alemanha, o preço dos produtos frescos aumentou quase 10% em abril, segundo a AMI, consultoria especializada em mercados agrícolas.

Os vegetais, em particular, aumentaram quase 30%, principalmente o brócolis e a couve-flor, procedentes da Espanha e da França.

Na França, a associação de defesa do consumidor UFC-Que Choisir constatou um aumento médio de 9% no preço das frutas e legumes desde que as medidas de contenção começaram em meados de março.

Na Polônia, onde os agricultores enfrentam uma seca severa, o preço das maçãs dobrou em um ano.

"Os preços estão aumentando todos os dias", confirma Grazyna, aposentada polonesa em Varsóvia.

- Fornecimento -Esse aumento se deve principalmente ao fechamento das fronteiras, o que impede a chegada de mão de obra temporária suficiente para a colheita nos países produtores e agrava as dificuldades no fornecimento internacional.

"Tornou-se muito mais difícil transportar um produto de um país para outro", diz Kristjan Bragason, secretário-geral do sindicato agrícola europeu Effat.

Os preços também são impulsionados pelo aumento da demanda global por produtos frescos, enquanto o fechamento de restaurantes, cafés e bares leva os europeus a cozinhar em casa.

Na Itália, laranjas e limões são populares entre os consumidores, que procuram produtos ricos em vitamina C para fortalecer seu sistema imunológico, relata o jornal italiano "Il Messagero".

Na Grécia, as vendas de kiwis e limões também estão aumentando.

Em alguns países, por outro lado, produtores e distribuidores não repassaram o aumento dos custos nos preços de venda ao consumidor.

É o caso da Espanha, onde, segundo o ministério da Agricultura, esses custos "não tiveram um impacto significativo nos preços ao consumidor".

"No começo, os preços haviam subido um pouco, mas agora praticamente voltaram como antes", diz Jesús Hernández, que tem uma barraca de frutas e legumes no mercado Cebada, o mais famoso de Madri.

O mesmo acontece na Grã-Bretanha, onde não houve "aumento significativo de preço" no momento, segundo o British Retail Consortium.

Em outros países europeus, autoridades e organizações profissionais convocaram seus cidadãos ao patriotismo culinário para ajudar os agricultores a lidar com o aumento dos custos.

Na Polônia, o ministro da Agricultura, Jan Krzysztof Ardanowski, incentivou seus concidadãos a "consumir localmente" para apoiar os produtores do país.

Na França, "frutas e verduras são mais caras porque são frutas e verduras francesas", explica Christiane Lambert, presidente do sindicato agrícola FNSEA.

Muitos europeus usam o confinamento como pretexto para cultivar sua própria horta. É o caso de Mariana Arandjelovic, moradora de Frankfurt que, nas últimas semanas, ampliou o tamanho de seu jardim para plantar batatas, alface, pimentão e tomate.

"Já em março, percebi que os preços subiriam", disse à AFP. Agora ela olha menos os preços nos supermercados e mais o clima, que determinará o destino de sua próxima colheita.

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