Leite, vinho, batatas... o que fazer com o excesso de alimentos do confinamento?
Paris, 12 Mai 2020 (AFP) - O que fazer com as milhares de toneladas de batatas ou leite que não forem vendidas na Europa durante os dois meses de confinamento, em um contexto de comoção social e de ameaça de crise alimentar em alguns países do sul?
Com todos os restaurantes e cantinas fechados, parte da matéria-prima destinada a esses setores foi enviada aos supermercados, mas uma grande quantidade ainda não foi consumida, apesar do aumento nas compras de alimentos pelos confinados em casa.
Um dos casos mais emblemáticos é o das batatas: 450.000 toneladas de excedente na França, o maior exportador mundial deste tubérculo e fornecedor de gigantes industriais como o grupo canadense McCain, cujas fábricas estão localizadas no norte da França, Holanda e Bélgica.
Com a crise da COVID-19, existem "entre 3 e 4 milhões de toneladas de batatas sem processar na Bélgica, Holanda, Alemanha e França", estima o Grupo Interprofissional da Batata (GIPT).
As montanhas de batatas devem desaparecer antes da próxima colheita. Caso contrário, "existe o risco de haver depósitos silvestres... na natureza, vetores de focos infecciosos de doenças fúngicas ou contaminação por fermentação", explica à AFP Bertrand Ouillon, delegado do GIPT.
A indústria gostaria de poder redirecionar seus estoques para a fabricação de alimentos para o gado. "Se pudesse haver ajuda pública para o transporte, poderia ser de fato uma ajuda indireta aos agricultores que agora passam apuros", sugere.
- "A crise láctea na Europeia ameaça a África Ocidental" -Na semana passada, Oxfam e uma dezena de associações de agricultores ou de solidariedade alertaram sobre os riscos de uma "grave crise" para o mercado lácteo na África Ocidental.
Isso se deve ao armazenamento de leite em pó decidido pela Comissão Europeia para aliviar os produtores de leite europeus que não sabem o que fazer com seu leite, manteiga ou queijo.
Entre 2018 e 2019, as exportações de leite em pó da UE para a África Ocidental aumentaram 19%, e agora representam 20% das exportações mundiais da UE, segundo as associações.
Os produtores de leite da África Ocidental tentam desesperadamente ampliar sua produção local para apoiar a agricultura, reduzir a emigração e combater a violência.
No entanto, surge uma solução para os milhares de hectolitros de vinho excedentes nos três principais países produtores do mundo, Itália, França e Espanha: os produtores de vinho pediram e obtiveram permissão de Bruxelas para destilar uma parte... para fabricar álcool em gel.
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