Europa corre risco de ampliar desigualdades, alertam economistas
Paris, 20 Nov 2020 (AFP) - A Europa continua sendo a região mais igualitária do mundo, mas a crise atual pode ampliar as diferenças de renda - apontam os pesquisadores do World Inequality Lab, que pedem que se ponha fim à "corrida mortal" por impostos cada vez mais baixos para as multinacionais.
Essa advertência chega quando a União Europeia está dividida sobre seu plano de recuperação de 750 bilhões de euros (cerca de 880 bilhões de dólares), crucial para enfrentar as dramáticas consequências econômicas da crise de saúde.
No entanto, a conclusão da última análise do WIL - dirigido pelo economista Thomas Piketty - que coleta dados sobre a distribuição de renda em 173 países foi positiva para a Europa.
O continente continua sendo o menos desigual do mundo, com diferença. Em 2019, a renda de 10% da população mais rica representou 35% da renda total.
Por outro lado, no Oriente Médio, a região mais desigual do mundo, 10% dos mais ricos recebem 56% da renda nacional.
Na Europa, "há um aumento da desigualdade desde os anos 1980, mas muito menor que nos Estados Unidos. A Europa resistiu à mercantilização de todos os aspectos da sociedade e continua sendo uma ilha de relativa igualdade no mundo", disse Lucas Chancel, pesquisador da Escola de Economia de Paris (PSE), que abriga o laboratório.
Recuperação em forma de "K"
Na França, a diferença de nível de vida entre os mais ricos e os mais pobres diminuiu inclusive em 2019 graças às medidas adotadas após a crise dos "coletes amarelos".
Uma situação que, no entanto, poderia mudar. O PIB da zona do euro está previsto para cair 7,8% em 2020, um recorde desde a criação da moeda única em 1999.
Ao mesmo tempo, a renda das 108 pessoas mais ricas da Europa aumentou 15,7% desde novembro de 2019, segundo o índice Bloomberg dos 500 bilionários mais ricos.
Isso representa um aumento de aproximadamente 200 bilhões de euros (238,4 bilhões de dólares), o dobro do plano de recuperação francês. Este número faz temer um cenário de recuperação em forma de "K", marcado por fortes divergências de renda e novas crises sociais na Europa.
Por conta disso, muitos economistas defendem a rápida implementação de um imposto aos GAFA (Google, Apple, Facebook, Amazon).
Para Lucas Chancel, é preciso abandonar a regra da unanimidade em matéria fiscal a favor de uma "cooperação reforçada" entre Alemanha, Itália, França e Espanha.
Caso contrário, o imposto GAFA, assim como o mecanismo de ajuste de carbono na fronteira que os 27 se comprometeram a implementar em julho, corre o risco de se estagnar, como ocorreu com o imposto sobre as transações financeiras.
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