Quais os melhores investimentos para 2025 com a alta da Selic?
Na sua última reunião de 2024, o Comitê de Política Monetária do Banco Central aumentou a taxa básica de juros em 1 ponto percentual em dezembro. Dessa forma, a Selic chegou a 12,25% ao ano. Saiba quais os melhores investimentos e os ativos que o investidor deve evitar neste momento.
Como fica a renda fixa?
Cenário marcado por projeções de aumento da inflação. O BC entende que a atividade econômica recente está em um patamar acima do esperado e que o hiato do produto —conceito que avalia se o país pode sustentar o crescimento a longo prazo sem pressão inflacionária— é positivo, ou seja, os reajustes nos preços estariam pressionando a capacidade produtiva.
Incentivo à renda fixa. Esse movimento da autoridade monetária leva à maior demanda e aumenta o rendimento das opções ligadas à renda fixa. Segundo o co-CIO da One Wealth, Pedro Cutolo, com a expectativa de aumento nos juros, a recomendação é ter uma postura mais conservadora neste momento.
Investimentos atrelados à Selic devem ter desempenho superior aos demais. Além do Tesouro Selic, fazem parte desse grupo os CDBs (Certificados de Depósito Bancário), as LFs (letras financeiras) e os FDICs (Fundos de Investimentos em Direitos Creditórios) indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário).
Tesouro Prefixado com vencimento de até seis meses também vale a pena. No entanto, Cutolo diz que a expectativa de alta na Selic já se reflete no rendimento desses títulos. No dia 20 de dezembro o rendimento do Tesouro Prefixado com prazo de vencimento para 2027 era de 15,03%. No caso do vencimento para 2031 e 2035, o prêmio era de 14,40% e 14,05%, respectivamente.
Opções que seguem a inflação podem remunerar bem a carteira. De acordo com Rodrigo Macarenco, sócio responsável pela área de wealth planning da Manchester Investimentos, esses investimentos representam a principal janela de oportunidade. "Os títulos públicos estão com taxas reais raramente vistas", diz. O Tesouro IPCA+ com vencimento em 2029 oferece uma taxa fixa de 7,76% ao ano mais a inflação, ao passo que o investimento com vencimento para 2035 apresenta retorno de 7,22% mais o IPCA. No caso do Tesouro com vencimento para 2035, o retorno era de 7,09% mais a inflação.
Como a taxa Selic está em elevação e não sabemos se haverá algum choque inflacionário que a eleve ainda mais, o ideal é ter títulos prefixados curtos, de dois ou três anos, com taxas que atualmente partem de 15,50% ao ano.
Rodrigo Macarenco, sócio responsável pela área de wealth planning da Manchester Investimentos
E a renda variável?
Selic elevada traz prejuízos à renda variável. Ao mesmo tempo, em que reduz o faturamento das companhias, em função da redução da atividade econômica, a taxa de juros alta também eleva os custos de capital das empresas, sobretudo aquelas mais endividadas, diz Macarenco. Além disso, o fluxo para a compra de ações e FIIs diminui, uma vez que a renda fixa se torna mais atrativa. A avaliação é de que o desenrolar da questão fiscal e aspectos das eleições de 2026 podem determinar o comportamento da renda variável nos próximos meses.
Ativos têm preços descontados. Para o sócio da Manchester Investimentos, tanto ações como fundos imobiliários oferecem preços abaixo do seu valor real. Se essa for a opção do investidor, a orientação é buscar exposição a ativos que se beneficiem de alguma forma da taxa de juros elevada, a exemplo de grandes bancos e seguradoras, assim como empresas que possuem receitas corrigidas pela inflação ou em dólar. Na mesma linha, João Piccioni, CIO da Empiricus Gestão, acrescenta as empresas do setor de utilidades na estratégia.
Itaú, BTG e Nubank. Para o CIO da Empiricus Gestão, BTG Pactual e Itaú devem manter retornos acima da média do mercado. Apesar de atuar no nicho de baixa renda, que costuma sofrer mais em cenários de juros mais altos, ele diz que também vale prestar atenção no Nubank. "Eles continuam crescendo em uma velocidade bastante acelerada", afirma. No setor de seguros, Piccioni diz que os juros elevados ajudam no "float" das empresas, e que a Porto pode ser beneficiada. "Float" é um termo para o dinheiro que as seguradoras recebem dos clientes e que é aplicado em títulos de renda fixa.
Quais os riscos para o investidor?
Varejo, consumo e shoppings entre os segmentos mais arriscados. Para Piccioni, da Empiricus Gestão, os juros altos desestimulam o consumo e impactam mais esses setores. No caso do varejo, ele chama a atenção para as empresas locais que não estão entre as líderes de mercado. O entendimento é que essas companhias sofrem mais também por conta do dólar elevado.
Questão fiscal desponta como principal risco do Brasil. De acordo com Macarenco, da Manchester, existe a possibilidade de o Banco Central não conseguir conter a inflação via política monetária, ou mesmo obter sucesso a um custo muito alto. O menor crescimento da China, os conflitos no Oriente Médio e os desdobramentos do mandato de Donald Trump nos Estados Unidos também devem estar na pauta de 2025.
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