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Economia brasileira volta ao nível pré-pandemia com forte expansão no 1T

01/06/2021 22h02

São Paulo, 2 Jun 2021 (AFP) - O Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil voltou ao nível pré-pandemia ao superar as expectativas com uma expansão de 1,2% do PIB no primeiro trimestre de 2021, quando o país sofria os efeitos da segunda onda da pandemia do coronavírus, com base no trimestre anterior.

O PIB brasileiro cresceu, ainda, 1% durante o primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2020, segundo informações divulgadas nesta terça-feira (1º) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Economistas consultados pelo jornal Valor estimavam uma expansão de 0,7% em relação ao trimestre anterior e de 0,5% em comparação com o mesmo período de 2020.

"É um resultado muito acima do esperado. No primeiro trimestre não houve estímulos fiscais e alguns analistas diziam que teríamos uma brutal queda do PIB", comentou Margarida Gutierrez, professora de economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

A bolsa de São Paulo bateu um novo recorde no fechamento desta terça, pela primeira vez acima dos 128.000 pontos, após o anúncio do crescimento do PIB maior do que o esperado.

O índice Ibovespa fechou em alta de 1,63%, a 128.267 pontos, um recorde pelo terceiro dia consecutivo.

Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, destacou que "mesmo com a segunda onda da pandemia de covid-19, o PIB cresceu no primeiro trimestre, já que, diferente do ano passado, não houve tantas restrições que impediram o funcionamento das atividades econômicas no país".

Epidemiologistas, no entanto, advertem para o impacto que esta reabertura poderia ter na crise sanitária e temem a chegada de uma terceira onda da pandemia no segundo país com mais mortes no mundo pelo coronavírus.

A campanha de vacinação no Brasil sofre atrasos frequentes por falta de insumos e menos de 11% da população está vacinada.

Com mais de 460.000 óbitos, o Brasil, com 212 milhões de habitantes, é o segundo país em número de mortes, e o terceiro em número de casos, com mais de 16,5 milhões de contágios.

Apesar dos números alarmantes, o presidente Jair Bolsonaro continua questionando as medidas de proteção e relativizando a crise de saúde.

Abril foi o mês mais mortal da pandemia com 82.266 mortes e contando mais de 4.000 mortes diárias por vários dias seguidos.

"O aumento dos casos de covid-19 reforça o cenário de uma recuperação com interrupções", afirmou a consultoria Eurasia Group na segunda-feira.

- Desaceleração -O IBGE destaca que embora o PIB tenha voltado ao nível do quarto trimestre de 2019, "ainda está 3,1% abaixo do ponto mais alto da atividade econômica do país, alcançado no primeiro trimestre de 2014".

O resultado surpreendente do primeiro trimestre confirma, no entanto, uma desaceleração do ritmo da recuperação econômica.

Depois de duas quedas no primeiro trimestre (-2,2%) e no segundo (-9,2%) de 2020 sobre os respectivos trimestres anteriores, o Brasil registrou um forte aumento de 7,8% no terceiro trimestre, e 3,2% no quarto trimestre do ano passado.

A expansão da economia nacional em 2021 foi impulsionada graças aos resultados positivos na agropecuária (5,7%), indústria (0,7%) e em serviços (0,4%), segundo os dados do IBGE.

O economista da Nova Futura Investimentos, Matheus Jaconeli, acrescenta que "a recuperação da economia global também contribui para o avanço da nacional, haja vista a importância do setor externo no crescimento do país por conta das exportações".

Em 2020, a economia brasileira encolheu 4,1% por causa da pandemia do coronavírus.

A professora Margarida Gutierrez afirma que "o resultado do primeiro trimestre do ano eleva as projeções para o PIB de 2021 de 3,5% para cerca de 5%. Se o ritmo da vacinação avançar, poderia ser mais".

Mas apesar dos animadores números de crescimento, o desemprego bateu um recorde no primeiro trimestre, com uma taxa de 14,7% e 14,8 milhões de pessoas em busca de emprego.

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