EUA inclui fabricante israelense do programa espião Pegasus em 'lista negativa'
Washington, 3 Nov 2021 (AFP) - O Departamento americano do Comércio anunciou, nesta quarta-feira (3), a inclusão do Grupo NSO, a empresa israelense que fabrica o software de espionagem Pegasus, em sua lista de empresas proibidas, por representar uma ameaça à segurança nacional.
A NSO foi exposta neste verão, depois que investigações publicadas por um consórcio de 17 veículos de comunicação internacionais revelaram que o Pegasus teria permitido espionar os números de jornalistas, políticos, ativistas e líderes empresariais de vários países.
Os telefones infectados com Pegasus se tornam dispositivos espiões de bolso. Permitem que o usuário leia as mensagens da pessoa afetada, veja suas fotos, saiba sua localização e até ligue a câmera sem que ela saiba.
"Essas ferramentas permitiram que governos estrangeiros aplicassem repressão transnacional, que é a prática de governos autoritários para seguir dissidentes, jornalistas e ativistas fora de suas fronteiras para silenciar a dissidência", disse o Departamento de Comércio em um comunicado.
A empresa manifestou nesta quarta-feira a sua surpresa com a inclusão na lista.
"O grupo NSO está consternado com a decisão" dos Estados Unidos e "trabalhará para garantir que essa decisão seja modificada", disse um porta-voz da empresa com sede nos arredores de Tel Aviv, que afirma seguir um "estatuto ético rigoroso baseado nos valores americanos ".
Washington também pôs na lista a empresa israelense Candiru, a Computer Security Initiative Consultancy PTE (COSEINC), de Singapura, e a empresa russa Positive Technologies.
A inclusão destas empresas implica que as exportações que poderiam receber de organizações americanas ficam restringidas. Agora, é muito mais difícil, por exemplo, para organizações americanas venderem informações, ou tecnologia, para estas companhias.
- Mais de uma preocupação -Uma investigação da mídia internacional relatou em julho que vários governos usaram o software Pegasus, criado pelo Grupo NSO, para espionar ativistas, jornalistas e políticos.
"A ação de hoje é parte dos esforços do governo Biden-Harris para colocar os direitos humanos no centro da política externa dos EUA, incluindo o trabalho para impedir a proliferação de ferramentas digitais usadas para repressão", disse a pasta do Comércio em seu comunicado.
A preocupação inicial com o Pegasus foi agravada por ressentimentos quando a Apple lançou uma solução em setembro para evitar que spyware infectasse seus dispositivos sem que os usuários abrissem um link ou mensagem.
O chamado "clique zero", que pode corromper silenciosamente um dispositivo, foi identificado por pesquisadores do Citizen Lab, uma organização de vigilância da segurança cibernética no Canadá.
Após o escândalo do programa espião, especialistas da ONU pediram uma moratória internacional sobre a venda de tecnologia de vigilância até que os regulamentos para proteger os direitos humanos estejam em vigor.
O estabelecimento de defesa israelense criou um comitê para revisar as atividades do NSO, incluindo o processo pelo qual são concedidas licenças de exportação.
O NSO insiste que seu software é projetado para ser usado apenas na luta contra o terrorismo e outros crimes, e afirma que exporta para 45 países.
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