Governo chinês convoca fundador da Evergrande após advertência de falta de fundos
O governo chinês convocou nesta sexta-feira (3) o fundador da gigante imobiliária Evergrande depois que a empresa advertiu que "não há garantia" de haver fundos suficientes para cumprir com suas obrigações financeiras.
A Evergrande, que tem uma enorme dívida no valor de US$ 300 bilhões, enfrenta problemas para cumprir seus compromissos que alimentam a preocupação em todo o setor imobiliário, parte substancial da segunda economia mundial.
Na sexta-feira, a Evergrande advertiu em um comunicado à bolsa de Hong Kong que, em vista de sua atual situação de liquidez, não há "nenhuma garantia de que o grupo disponha de fundos suficientes para continuar cumprindo suas obrigações financeiras".
Pouco depois, o governo da província de Guangdong informou em um comunicado que tinha "convocado imediatamente Xu Jianyin e (...) acordou enviar um grupo de trabalho à Evergrande Real Estate Group para supervisionar e promover a gestão de risco empresarial".
A companhia é uma das várias empresas imobiliárias em crise no último ano, depois que Pequim empreendeu uma campanha de regulação para frear a especulação e o endividamento, cortando uma via crucial para acessar recursos.
A Evergrande, segunda incorporadora imobiliária da China em volume, conseguiu até agora evitar a falência.
Uma unidade da Evergrande tem títulos de cupom no valor de 82,5 milhões de dólares que vencem na segunda-feira, informou a Bloomberg esta semana.
Na sexta-feira, Xu (Hui Ka Yan em cantonês), fundador do grupo, vendeu 1,2 bilhão de ações da Evergrande por 344 milhões de dólares, reduzindo sua participação de 77% para 68%.
O regulador de Pequim pediu ao magnata que use sua fortuna pessoal para financiar a dívida da Evergrande.
No mesmo dia, a unidade de veículos do grupo afirmou ter devolvido terrenos baldios no valor de 188,4 milhões de dólares, e que mantém diálogos com possíveis compradores para se desfazer de outros ativos.
"Expansão cega"
O setor imobiliário, chave do crescimento chinês, esfriou nos últimos meses devido a uma regulação mais estrita para a compra de imóveis, assim como por problemas de liquidez que afetam alguns dos grandes grupos do país.
"Os riscos do Evergrande Group devem-se, sobretudo, a uma direção pobre e à expansão cega", afirmou o Banco Central chinês em um comunicado publicado nesta sexta.
"Os riscos de curto prazo de algumas empresas imobiliárias não afetam a liquidez do mercado no médio e no longo prazos", acrescentou.
Outro grupo chinês, o Kaisa Group, também enfrenta a bancarrota depois de anunciar na sexta-feira o fracasso de uma oferta de intercâmbio que teria lhe dado tempo extra.
No mês passado, o Kaisa tinha apresentado um plano para atrasar o pagamento de seus títulos em troca de, pelo menos, 380 milhões de dólares em letras de câmbio, o que lhe teria dado margem para encontrar fundos.
Mas a oferta não teve os 95% de apoio necessários dos detentores de títulos para avançar.
Em um comunicado publicado nesta sexta, a empresa afirmou que continuava buscando soluções, "que incluem, entre outras, a renovação e a extensão de empréstimos, e a disponibilização de ativos".
Mas, "não há garantia" de que possa cumprir com o vencimento das letras de câmbio existentes. Na terça-feira vencem 400 milhões de dólares em letras de câmbio, acrescentou.
Se não pagar, a companhia corre o risco de desencadear um descumprimento cruzado de sua dívida.
Todos estes problemas levaram Pequim a dar indícios de que quer voltar atrás em suas normas restritivas ao setor imobiliário.
A cidade de Chengdu (sudoeste) se tornou no mês passado a primeira a anunciar facilidades para as empresas venderem propriedades.
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