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Rússia bombardeia leste e sul da Ucrânia e condiciona desbloqueio de cereais

20/07/2022 08h25

Kramatorsk, Ucrânia, 20 Jul 2022 (AFP) - A Rússia continua a bombardear o leste e o sul da Ucrânia e condicionou a liberação de cereais ucranianos ao levantamento das restrições ocidentais durante as negociações mediadas pela Turquia.

Várias cidades no leste da Ucrânia foram atingidas por mísseis na terça-feira. Em Kramatorsk, uma importante cidade da região do Donbass que a Rússia quer conquistar, pelo menos uma pessoa morreu.

No sul, na região de Odessa, principal porto ucraniano no Mar Negro, pelo menos seis pessoas ficaram feridas, incluindo uma criança, segundo a presidência ucraniana.

Enquanto isso, em Teerã, onde foi convidado a conversar com seus colegas iraniano, Ebrahim Raisi, e turco, Recep Tayyip Erdogan, sobre a Síria e a Ucrânia, o presidente russo Vladimir Putin anunciou na terça avanços nas negociações para desbloquear a exportação de grãos ucranianos por via marítima.

"Graças à sua mediação, fizemos progressos", disse a Erdogan, cujo país, membro da Otan e potência regional do Mar Negro, mantém um delicado equilíbrio entre Moscou e Kiev.

"Nem todos os problemas foram resolvidos ainda, é verdade, mas há movimentos e isso é bom", acrescentou Putin.

No entanto, à noite, Putin lançou dúvidas, vinculando a exportação da produção agrícola ucraniana ao levantamento das restrições ocidentais aos grãos russos.

"Vamos facilitar a exportação de grãos da Ucrânia, mas a partir do momento que todas as restrições à exportação de grãos russos forem levantadas", declarou.

Neste contexto, segundo um documento que a AFP consultou na terça, a Comissão Europeia propôs aos Estados-membros que liberem "certos fundos" de bancos russos congelados pelas sanções da UE para ajudar na retomada do comércio de produtos agrícolas.

No dia seguinte à reunião em Teerã, a Síria, aliada da Rússia, rompeu relações diplomáticas com a Ucrânia. O regime de Damasco havia reconhecido a independência das regiões separatistas ucranianas pró-russas Donetsk e Luhansk no final de junho, e Kiev já havia respondido cortando relações diplomáticas.

- "Outros territórios" -Para os Estados Unidos, a reunião de Teerã demonstra o crescente isolamento da Rússia. "Mostra como Putin e a Rússia estão cada vez mais isolados. Agora devem buscar ajuda do Irã", comentou John Kirby, que coordena as comunicações da Casa Branca sobre questões estratégicas.

Kirby também acusou a Rússia de "trabalhar para anexar os territórios ucranianos" que ficaram sob seu controle nos últimos meses usando o mesmo "modus operandi" que fez com a Crimeia em 2014.

"É pura mentira dizer que a operação militar russa visa a conquista. Estamos levando a paz aos territórios libertados", respondeu a embaixada russa nos Estados Unidos.

Mas, nesta quarta-feira, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, disse que os objetivos militares da Rússia na Ucrânia não se limitam mais apenas ao leste do país, mas também dizem respeito a "uma série de outros territórios".

"A geografia é diferente agora. Não são apenas as repúblicas populares de Donetsk e Luhansk, são também as regiões de Kherson e Zaporizhzhia (no sul) e uma série de outros territórios, e esse processo continua, de forma constante", declarou em entrevista à agência de notícias Ria-Novosti e ao canal RT.

- Mísseis contra Kramatorsk -No terreno, um míssil caiu na terça-feira em um jardim cercado por prédios residenciais na cidade de Kramatorsk (leste), informaram jornalistas da AFP.

A cidade, que tinha 150.000 habitantes antes da guerra, tornou-se um alvo estratégico para a Rússia.

Igor Ieskov, assessor de comunicação da prefeitura, disse que pelo menos uma pessoa morreu, enquanto um oficial da polícia reportou seis feridos.

As tropas russas também atacaram edifícios residenciais em Avdiivka, Soledar e Bakhmut, de acordo com a presidência ucraniana, que na terça-feira relatou "dois ataques com mísseis em Toretsk", bem como "bombardeios em áreas industriais".

Perto de Bakhmut, o exército ucraniano disse ter "repelido com sucesso" várias "tentativas de ataque". As forças russas afirmam ter matado 60 soldados ucranianos em Dolina, na mesma região.

Em Odessa, as forças russas dispararam sete mísseis, ferindo pelo menos seis pessoas, incluindo uma criança, segundo a presidência ucraniana. O ministério da Defesa russo afirmou que seus ataques em Odessa destruíram um depósito de munição fornecida pelo Ocidente.

É importante para a Ucrânia vencer a guerra antes do inverno para não permitir que os russos se estabeleçam a longo prazo, disse o chefe do gabinete da presidência ucraniana, Andriy Yermak.

"É muito importante para nós que não chegue ao inverno. Depois do inverno, os russos terão tempo para se estabelecer, então será mais difícil", afirmou Yermak à revista Novoie Vremia.

Visando isso, a Ucrânia pede aos países ocidentais mais sistemas de artilharia de precisão de longo alcance, como os lançadores múltiplos de foguetes Himars fornecidos pelos Estados Unidos.

Em visita aos Estados Unidos, a esposa do presidente Volodimir Zelensky, Olena Zelenska, se encontrou com a primeira-dama americana, Jill Biden, na Casa Branca na terça-feira.

"Espero desta visita da primeira-dama resultados significativos para a Ucrânia em termos de cooperação com os Estados Unidos", disse o presidente ucraniano.

Após a demissão da procuradora-geral e do chefe da agência de segurança nacional da Ucrânia por acusações de traição, os serviços ucranianos estão agora tentando identificar aqueles entre a população que ajudam os russos.

Vitali Kim, governador da região de Mykolaiv (sul), anunciou na terça-feira uma recompensa de US$ 100 para quem ajudar a identificar esses informantes.

A guerra na Ucrânia entrará em seu sexto mês em 24 de julho.

bur-lpt/clr/blb/meb/zm/mr

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