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Fed enfrenta delicado equilíbrio para conter inflação e evitar recessão

25/07/2022 12h55

O Federal Reserve (Fed, Banco Central dos Estados Unidos) se reúne esta semana para decidir um novo aumento de taxas, com o objetivo de esfriar a economia para conter a inflação e, ao mesmo tempo, tentar evitar uma recessão, um exercício de equilíbrio delicado. 

"Querem alcançar o que chamam de 'aterrissagem suave', tentando evitar uma recessão", comentou em entrevista à AFP Julie Smith, professora de economia da Universidade Lafayette, na Pensilvânia.

"A questão é se vão conseguir. É difícil dizer no momento", acrescentou. 

O comitê monetário da Fed vai se reunir nesta terça e quarta-feiras e deve anunciar um novo aumento das taxas de juros de referência. Atualmente, as taxas de juros permanecem entre 1,50 e 1,75% após dois anos de taxas praticamente zero.

O órgão deve tentar garantir que uma desaceleração voluntária da atividade econômica não seja muito forte, para não atingir o mercado de trabalho, que atualmente está bastante sólido.

A hipótese de alta de três quartos de ponto percentual é a preferida pelos mercados. Em junho, um aumento dessa magnitude foi o maior até então desde 1994. 

"Acho que vão aumentar as taxas em 75 pontos base. Mas sempre podemos ser surpreendidos pelo Fed", antecipa Julie Smith.

Um dos governadores do Fed, Christopher Waller, abriu recentemente a porta para um aumento de um ponto percentual. 

Os membros do comitê monetário "provavelmente discutirão" essa hipótese, segundo Smith, "simplesmente porque os números da inflação são muito ruins".

Mas "os outros parâmetros (...) indicam que os aumentos anteriores provavelmente começaram a funcionar, pelo menos para conter a demanda (no) mercado imobiliário", esclarece a analista.

O mercado imobiliário registrou forte queda nas operações, devido aos preços exorbitantes das residências e aumento das taxas de juros.

Enquanto isso, milhares de ofertas de emprego não encontram candidatos, e o consumo se mantém, apesar dos preços inflacionados. 

"Dados econômicos recentes sustentam um aumento de 75 pontos-base, embora um aumento de 100 pontos-base possa ser considerado", diz Kathy Bostjancic, economista-chefe da Oxford Economics.

No domingo (24), a secretária do Tesouro americano, Janet Yellen, observou que a economia dos EUA está "desacelerando", mas os dados não anunciam uma recessão.

"Não estou dizendo que evitaremos definitivamente uma recessão, mas acho que há uma maneira de manter a força do mercado de trabalho e baixar a inflação", afirmou.

O crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos no segundo trimestre será anunciado na quinta-feira (28) e se espera um ligeiro aumento, após um primeiro trimestre negativo, de -1,6%, na projeção anual. Esta é a medida preferida no país, que projeta crescimento para 12 meses nas condições no momento da medição.

No caso da contração, os Estados Unidos estariam tecnicamente em recessão, registrando dois trimestres negativos. Mas, para Yellen, uma recessão "é uma contração generalizada da economia. E, mesmo que (o PIB do segundo trimestre apresente números) negativos, não estaremos em recessão hoje", insistiu.

O ex-vice-presidente do Fed, Donald Kohn, estimou, por sua vez, que "uma ligeira recessão", com desemprego superior aos 3,7% previstos pelo Fed para 2022, "será necessária para quebrar a espiral inflacionária", segundo declarações à AFP.

"Mas a incerteza é enorme", acrescentou. 

Diante do aumento dos preços dos alimentos, aluguel e carros, que continuam subindo nos Estados Unidos, o Fed elevou progressivamente suas taxas de referência desde março. 

A inflação voltou a atingir níveis recordes em junho, de 9,1% em 12 meses, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês). 

O aumento das taxas encarece o crédito, atuando, portanto, no consumo das pessoas físicas e no investimento das empresas, além de liberar a pressão sobre os preços.

A inflação também levou o Banco Central Europeu (BCE) a elevar suas taxas em meio ponto percentual, na última quinta-feira (21). Foi a primeira vez em dez anos.

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© Agence France-Presse