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BC faz novo corte dos juros, para 7,25% ao ano, menor patamar da história

10/10/2012 20h22

Por cinco votos a favor e três contra, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central reduziu, pela décima vez consecutiva, a taxa básica de juros, a Selic, de 7,5% para 7,25% ao ano, o menor patamar da série histórica iniciada em 1996.

O recorde anterior havia sido alcançado na última reunião do Copom, em agosto, quando a taxa registrou queda de 0,5 ponto percentual, passando de 8% para 7,5%.

Votaram pela redução da taxa Selic para 7,25% ao ano o presidente do BC, Alexandre Antonio Tombini, e os diretores Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.

Pela manutenção da taxa Selic a 7,50% ao ano, votaram os diretores Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques.

"Considerando o balanço de riscos para a inflação, a recuperação da atividade doméstica e a complexidade que envolve o ambiente internacional, o Comitê entende que a estabilidade das condições monetárias por um período de tempo suficientemente prolongado é a estratégia mais adequada para garantir a convergência da inflação para a meta, ainda que de forma não linear", informou o comunicado do BC.

O corte de 0,25 ponto percentual não chegou a surpreender o mercado, mas para muitos analistas, o ciclo de redução dos juros, iniciado em agosto do ano passado, já havia chegado ao fim.

No entanto, as apostas sobre a estabilidade da Selic em 7,5% ao ano começaram a ser refeitas, quando, na última sexta-feira, o diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Luiz Awazu Pereira da Silva, caracterizou a crise mundial como "estrutural" e defendeu uma nova calibragem dos juros em um patamar "mais favorável" para retomar o crescimento da economia.

A taxa básica de juros, a Selic, é um dos instrumentos de política monetária utilizados pelo Banco Central para regular a intensidade da atividade econômica.

O BC reduz juros quando julga que a inflação está sobre controle e quer estimular a economia, tornando o dinheiro mais "barato".

Caso contrário, quando a economia está muito aquecida, sob o risco de escalada inflacionária, a taxa é elevada para incentivar a poupança, desestimular o consumo e manter a inflação sob controle

Poupança

Com a nova queda da Selic, muda, novamente, o cálculo do rendimento da poupança, exclusivamente para aplicações feitas a partir de 4 de maio, quando o governo decidiu alterar as regras da caderneta para permitir a continuidade da queda da taxa de juros.

Pelas regras anunciadas naquela ocasião, com a Selic igual ou inferior a 8,5% ao ano, o poupador seria remunerado pela Taxa Referencial (TR) acrescida de 70% da Selic.

Neste caso, com a taxa a 7,25% ao ano, a remuneração da poupança será calculada pela TR acrescida de 5,075% ao ano.

Com os juros mais baixos, o governo da novo gás à retomada da economia, incentivando, por exemplo, o consumo da população e a compra de bens pela indústria.

Mesmo com a nova redução da Selic, o crescimento da economia brasileira dificilmente ultrapassará a atual meta oficial do governo, de 2%.

No início do ano, o governo previa uma alta de 4,5% do PIB para 2012, mas o crescimento foi revisado desde então devido à deterioração do cenário externo e à menor atividade econômica interna, especialmente da indústria. A última revisão, de 3% para 2%, foi feita em setembro.

Segundo o boletim Focus divulgado pelo BC na última segunda-feira, os agentes do mercado financeiro apostam em um crescimento de 1,57%.

Nesta semana, o Fundo Monetário Internacional (FMI), ao revisar para baixo o crescimento da economia mundial, também reduziu a projeção para o crescimento do Brasil, de 2,5% para 1,5%, em linha com o mercado financeiro.

Inflação

Segundo o último boletim Focus, a previsão é de que a Selic termine o ano em 7,5%.

Isso porque, se por um lado, o governo espera uma retomada da economia já no 3º trimestre deste ano, como reflexo das medidas de estímulo fiscal (por meio das desonerações tributárias) e monetária (com a redução da Selic), por outro, a inflação tem dado sinais de que vem ganhando força.

Na última segunda-feira, o mercado subiu pela 13ª vez consecutiva a projeção para o IPCA de 2012, de 5,36% para 5,42%.