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'O homem mais rico da história', de quem você talvez nunca tenha ouvido falar

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Imagem: Reprodução

06/08/2017 09h53

Se estivesse vivo hoje, Jakob Fugger (1459-1525) seria, calcula-se, mais rico que Bill Gates, Warren Buffet, Carlos Slim e Mark Zuckerberg juntos.

O banqueiro alemão - apelidado de "O rico" - chegou a acumular, ao longo da vida, uma fortuna equivalente ao que hoje seriam US$ 400 bilhões (R$ 1,2 trilhão), segundo o biógrafo Greg Steinmetz.

Ex-editor do "Wall Street Journal", Steinmetz considera Fugger o homem mais rico da história, e foi esse o título que deu ao livro que escreveu sobre o banqueiro em 2015.

Embora muitas pessoas levantem ressalvas à comparação da riqueza em diferentes períodos históricos, de uma coisa Steinmetz se diz seguro: "Jakob Fugger foi sem dúvida o mais poderoso banqueiro de todos os tempos", disse ele à BBC Mundo, o serviço da BBC em espanhol.

Em que ele baseia essa afirmação?

"No Renascimento, a época em que Fugger viveu, o mundo era controlado por duas figuras: o imperador romano e o papa. E Fugger financiou os dois", diz o biógrafo.

Na avaliação de Steinmetz, nenhum banqueiro em toda a história teve tanta influência sobre o poder político como Fugger.

"Fugger decidiu que o rei da Espanha, Carlos 1º, deveria ser o imperador de Roma e o fez vencer a eleição (com o nome de Carlos 5º)", disse ele. "Carlos 5º colonizou o Novo Mundo. A história não seria a mesma se não tivesse chegado ao poder."

Desconhecido

Como se explica então que poucos tenham ouvido falar de Jakob Fugger? E que, em vez disso, saibamos tanto sobre alguns de seus contemporâneos, como os Médici, os irmãos César e Lucrécia Bórgia ou Nicolau Maquiavel?

Capa do livro 'The Richest Man Who Ever Lived' - Reprodução - Reprodução
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Uma das razões, de acordo com Steinmetz, é que Fugger era alemão e não se tornou conhecido no mundo anglófono. E foi exatamente isso que motivou o autor a escrever sobre o banqueiro.

"Fui chefe da sucursal do "Wall Street Journal" em Berlim e ouvi uma menção a Fugger, mas não consegui encontrar um único texto em inglês sobre isso", conta.

Mas talvez o principal motivo pelo qual poucos fora de seu país de origem conheçam a história desse homem é porque ele não era um personagem colorido, como os outros famosos citados de sua época.

Ele não tentou se tornar papa nem ocupar cargos políticos. Ele não patrocinou nenhum artista renascentista. Nem construiu palácios ou templos.

Sua obra mais famosa é o Fuggerei: um projeto de habitação social que criou na cidade de Augsburg, no sul da Alemanha, e que continua conhecida porque quem vive ali paga um aluguel simbólico de US$ 1 por ano.

"Os banqueiros estão acostumados a trabalhar nos bastidores", disse Steinmetz, sobre a baixa notoriedade do homem sobre quem escreveu.

Legado

Isso não significa que Jakob Fugger não tenha deixado a sua marca. Na verdade, sua influência pode ser sentida até hoje, embora muitos não saibam disso.

A seguir, cinco heranças importantes desse ilustre desconhecido:

1. Criou a primeira multinacional

Em sua época, a atividade econômica era pequena. Os ricos viviam de suas terras e do trabalho dos camponeses, que recebiam proteção em troca.

Fugger negociou direitos a mineiros em troca de seus empréstimos e, assim, conseguiu monopolizar o comércio de cobre e prata.

Além disso, ele comercializou especiarias. Assim, foi um dos precursores do capitalismo.

2. Criou o primeiro serviço de notícias

Fugger sabia que a informação é valiosa e, portanto, queria acessá-la antes de seus concorrentes.

Para isso, ele pagou mensageiros para trazer informações sobre a atividade comercial e política de diferentes cidades.

Seus sucessores mantiveram a tradição e criaram o Fugger Newsletters, que alguns consideram um dos primeiros jornais da história.

3. Criou formas de financiar dinheiro que perduram até hoje

Os Médici, por exemplo, já tinham bancos naquela época, mas a Igreja Católica não permitia o pagamento de juros, por considerá-lo ganância.

Fugger convenceu o papa Leão 10 - um cliente seu - a suspender essa proibição e começou a oferecer uma taxa de juros de 5% ao ano para os clientes que depositavam dinheiro no seu banco de Augsburg.

4. Financiou exploradores

Ele tinha 33 anos quando Colombo descobriu a América. Interessado no potencial econômico dessas expedições, financiou a primeira viagem para a Índia.

Ele também foi um dos financiadores da viagem ao redor do mundo de Fernão de Magalhães.

5. Acabou estimulando a Reforma Protestante

Um dos negócios que Fugger manteve com o Vaticano foi a venda de indulgências.

Ele propôs uma forma de financiar a catedral de São Pedro. A metade dos rendimentos foi destinada a esse fim e a outra metade ficava com ele.

Neste ano completam 500 anos desde que Martinho Lutero protestou contra esse negócio, dando origem à Reforma Protestante.