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FMI melhora previsão para o Brasil, mas cobra Previdência e mais imposto sobre renda

17/04/2018 11h13

A economia brasileira deve crescer 2,3% em 2018, e mais 2,5% em 2019, segundo previsão do Fundo Monetário Internacional (FMI) em relatório divulgado nesta terça-feira. É uma melhora em relação ao crescimento registrado em 2017, de 1%.

Além disso, são percentuais maiores do que os previstos anteriormente pelo FMI. Em outubro do ano passado, o organismo internacional estimava uma taxa de crescimento de 1,5% para 2018, e de 2% para 2019. Em janeiro, elevou as estimativas. Agora, aumentou pela segunda vez.

De qualquer forma, a perspectiva de crescimento brasileiro está bem abaixo da média global, de 3,9% em 2018, e mais 3,9% em 2019. Os dados fazem parte do World Economic Outlook, do FMI, lançado periodicamente com previsões e recomendações para a economia mundial.

Para o FMI, a reforma da previdência é uma prioridade para garantir a sustentabilidade das contas do governo brasileiro no longo prazo. Porém, o órgão sinaliza que "incertezas políticas abrem espaço para riscos na implementação de reformas ou mesmo a possibilidade de reorientação de agendas políticas, inclusive no contexto das eleições, em diversos países, como o Brasil" - essa mesma observação já havia sido feita em janeiro.

Já na vertente social, o FMI afirma que o Brasil e os demais emergentes têm oportunidade de tornar o crescimento mais inclusivo e reduzir a desigualdade. Para isso, o país deveria aumentar os impostos sobre a renda de indivíduos e reduzir impostos indiretos (já embutidos nos preços e, portanto, cobrados igualmente de todos os compradores, pesando mais no bolso de quem tem menos dinheiro).

O relatório fala genericamente dos países emergentes e não especifica exatamente o tipo de imposto sobre a renda a que se refere. No Brasil, a principal incidência desse tipo de taxação é sobre a renda do trabalho, que entra no IR - e que poderia sofrer alterações, por exemplo, nas alíquotas ou nas faixas de renda em que são aplicadas. Mas há ainda outras modalidades, como os rendimentos de lucros e dividendos recebidos por pessoa física, que são isentos de tributação no país.

O relatório do FMI também sugere que os emergentes aumentem a transferência de renda para grupos mais pobres por meio de programas como o Bolsa Família. Segundo o organismo internacional, esses programas podem reduzir as desigualdades no curto e também no médio prazo, já que exigem contrapartidas de quem recebe o benefício. No Bolsa Família, por exemplo, as crianças precisam ir para a escola e ter as vacinas em dia.

Crescimento

Segundo o FMI, a melhora na previsão de crescimento do Brasil está apoiada no aumento do consumo das famílias e do investimento, que fazem girar a economia.

Já para os próximos anos, o crescimento do Brasil deve ficar em torno de 2,2%, puxado pelo envelhecimento da população - o que aumenta gastos públicos com aposentadoria e reduz a mão de obra - e a estagnação da produtividade. Mas não há expectativa de retorno à crise vivida entre 2015 e 2016, nem à baixa taxa de crescimento da economia do ano passado.

O Brasil tem uma economia baseada na exportação de commodities - matéria-prima para exportação, como minério e grãos. Para o FMI, há a necessidade de diversificação para enfrentar os desafios futuros da economia. Além disso, recomenda a redução de barreiras tarifárias ao comércio e aprimoramento de condições para quem investe em programas de concessão de infraestrutura.

Quanto à inflação, o FMI considera que melhorias na política monetária ajudaram a diminuir os índices no Brasil - o esperado para este ano e para o próximo está entre 3% e 4%, segundo o organismo internacional. Já a previsão para a taxa de desemprego é que caia dos 12,8% de 2017, para 11,6% em 2018, e para 10,5% em 2019.

Economia global

A previsão de crescimento de 3,9% da economia mundial é puxada pelo forte desempenho da zona do euro (2,4%), do Japão (1,2%), da China (6,6%) e dos Estados Unidos (2,9%), segundo o FMI.

É um patamar de crescimento não visto desde 2010, quando a economia começou a se recuperar da crise de 2008-09. Porém, o FMI vê riscos e diz que é hora de se preparar para o futuro.

"O crescimento global está em alta, mas as condições favoráveis não vão durar para sempre. Agora é o momento de se preparar para tempos mais difíceis. A prontidão requer não apenas cautela e uma administração das políticas monetária e fiscal de olho no futuro, mas também uma atenção cuidadosa à estabilidade financeira. Também são necessárias políticas estruturais e tributárias que aumentem a renda, inclusive investindo em pessoas e assegurando que os frutos do crescimento sejam amplamente compartilhados", diz o relatório.

Outros riscos apontados pelo FMI são as recentes restrições no comércio global - no começo de março, os Estados Unidos anunciaram sobretaxas nas importações de aço e alumínio. "O sistema multilateral de comércio baseado em regras, que surgiu após a Segunda Guerra Mundial e que conquistou crescimento sem precedentes, precisa ser fortalecido. Caso contrário, corre o risco de ser dilacerado", afirma o documento.