Covid-19: EUA chegam a acordo para novo pacote de auxílio a pequenas empresas e desempregados
Depois de meses de disputa, os parlamentares americanos fecharam um acordo para aprovar um novo pacote de ajuda econômica para aliviar os efeitos da pandemia.
O projeto prevê um custo total de cerca de US$ 900 bilhões (R$ 4,6 trilhões), incluindo pagamentos diretos para muitos americanos e apoio a empresas e programas de desemprego,
Além do pacote, a proposta elaborada pelo Congresso prevê US$ 1,4 trilhão (R$ 7,18 trilhões) para financiar as operações do governo nos próximos nove meses.
Muitos programas de socorro criados por causa da covid-19 vão expirar no final do mês, e cerca de 12 milhões de americanos correm o risco de perder o acesso aos benefícios de desemprego.
A votação na Câmara dos Representantes e no Senado está prevista para segunda-feira (21/12). Em seguida, ele terá de ser sancionado pelo presidente Donald Trump.
O que sabemos sobre o pacote?
Ele incluirá pagamentos únicos de US$ 600 (R$ 3 mil) para para a maioria dos americanos e aumentará os pagamentos de auxílio desemprego em US$ 300 por semana (R$ 1,5 mil), estendendo as datas de vencimento dos programas de auxílio ao desemprego para o fim do primeiro trimestre de 2021.
Também deve incluir mais de US$ 300 bilhões (R$ 1,5 trilhão) em apoio a empresas e recursos para distribuição de vacinas, socorrer escolas e locatários enfrentando ações de despejo.
O acordo foi anunciado no domingo pelo líder da maioria no Senado, o republicano Mitch McConnell.
"Podemos finalmente contar o que nossa nação precisa ouvir há muito tempo: mais ajuda está a caminho", disse.
O pacote, ele acrescentou, contém "políticas direcionadas para ajudar os americanos em dificuldades que já esperaram muito".
A presidente da Câmara, Nancy Pelosi, e o líder da minoria no Senado, Chuck Schumer, ambos democratas, afirmaram que o pacote entregou "fundos urgentemente necessários para salvar as vidas e meios de subsistência do povo americano à medida que o vírus se acelera".
Quem receberá os cheques de US$ 600?
Os parlamentares disseram que o projeto prevê o pagamento de US$ 600 por adulto ou criança, para indivíduos que ganham até US$ 75 mil por ano ou casais que ganham até US$ 150 mil.
Os primeiros cheques podem chegar na próxima semana, disse o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
O pagamento é a metade do valor que o Congresso aprovou para pagamentos diretos durante a primeira rodada de medidas de alívio econômico da pandemia.
O que não está nessa conta?
O projeto de lei não inclui ajuda substancial aos governos locais, que eram uma das principais prioridades de muitos democratas.
Em troca, os republicanos concordaram em aceitar que o acordo não preveja proteção legal para empresas contra ações judiciais relacionadas à covid-19.
Schumer disse que o pacote "estabeleceria um piso, não um teto, para o alívio econômico em 2021", e que os democratas pressionariam por mais ajuda depois que o presidente eleito Joe Biden assumisse o cargo em 20 de janeiro.
"Embora este projeto de lei esteja longe de ser perfeito, é uma forte ajuda para que as famílias americanas resistam à tempestade", disse ele, acrescentando que o pacote ajudaria os governos locais indiretamente, fornecendo dinheiro para escolas, testes de covid-19 e outras despesas.
Esperava-se que o Congresso aprovasse o projeto na sexta-feira, mas as negociações continuaram durante o fim de semana.
Os atrasos geraram preocupações sobre se o governo encerraria suas atividades no ano sem saber o quanto gastaria no período subsequente.
O governo americano opera com financiamento temporário desde outubro, o início do exercício financeiro do governo federal.
Como os americanos estão reagindo?
Analistas econômicos celebraram o acordo, mas alertaram que provavelmente ele é muito pouco e chega tarde demais para evitar uma desaceleração na recuperação econômica.
Eles também expressaram preocupação com o fato de que o dinheiro dedicado aos auxílios, que algumas famílias provavelmente economizarão, prejudique outros programas que podem fornecer um impulso mais eficaz para a economia.
"Qualquer projeto de alívio da covid-19 é melhor do que nenhum projeto, mas as medidas definidas para serem aprovadas pelo Congresso não representam o uso mais eficiente de US$ 900 bilhões", escreveu Ian Shepherdson, da Pantheon Macroeconomics.
No entanto, nas redes sociais, muitos disseram que o valor pago deveria ser maior.
"Esperamos que US$ 600 salvem algumas vidas, mas todos nós sabemos que isso é pouco mais do que o mínimo necessário", escreveu um usuário da Califórnia.
"Estou tão animado com os cheques de estímulo de US$ 600 que nem consigo decidir se vou pagar o aluguel do lado direito ou esquerdo do meu quarto!!!", disse Jack, de Nova York.
"É enfurecedor ver o que todos os outros grandes países do mundo fizeram por seus cidadãos e nossos governantes eleitos nos deem migalhas", comentou outro usuário.
Alguns também observaram que muitos programas de alívio à pandemia foram afetados por fraudes ou atrasos no gasto do dinheiro.
E quanto à ajuda anterior?
Em março, os Estados Unidos aprovaram mais de US$ 2,4 trilhões (R$ 12,3 trilhões) em alívio econômico, incluindo pagamentos únicos de US$ 1,2 mil (R$ 6 mil), fundos para negócios e dinheiro para aumentar o pagamento semanal do auxílio desemprego em US$ 600 (R$ 3 mil).
O pacote amorteceu o impacto econômico da pandemia, que deixou mais de 20 milhões de americanos sem trabalho no primeiro semestre e elevou a taxa de desemprego para 14,7% em abril.
Os Estados Unidos recuperaram cerca de metade dos empregos perdidos, mas economistas e empresas têm pressionado o Congresso a aprovar mais pacotes de alívio econômico, à medida que os programas expiraram e o dinheiro acabou, fazendo com que a recuperação perdesse força.
Uma pesquisa da Câmara de Comércio revelou que três quartos das pequenas empresas disseram que precisam da ajuda do governo para sobreviver.
Nos últimos cinco meses, a taxa de pobreza disparou, atingindo 11,7% no mês passado, um aumento de 2,4 pontos percentuais desde junho, de acordo com pesquisas da Universidade de Chicago e da Universidade de Notre Dame.
Quase mais 8 milhões de americanos vivem agora na pobreza. Neste ano, houve o maior aumento deste índice desde o início do monitoramento, há 60 anos.
Muitos americanos de baixa renda viram seus saldos bancários reduzirem constantemente desde abril, quando chegaram os primeiros cheques de estímulo do governo.
Sem mais assistência, os saldos em conta corrente das famílias de baixa renda cairão mais rapidamente do que as famílias de alta renda, apontou um relatório do Instituto JPMorgan Chase.
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