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Airbus e Boeing priorizam eficiência em vez de ostentação no Salão da Aeronáutica de Paris

Julie Johnsson e Andrea Rothman

12/06/2015 15h13

(Bloomberg) - Os participantes do Salão Internacional da Aeronáutica e do Espaço de Paris talvez usem calculadoras em vez de binóculos na semana que vem, pois a Airbus Group SE e a Boeing Co. vão tentar promover uma campanha pela eficiência que visa colher os bilhões gastos em aviões na última década.

Para ajudar as empresas aéreas a obter a máxima receita possível com seus aviões, a Boeing e a Airbus estão se debruçando sobre pequenos detalhes. Isso implica reduzir o peso das cozinhas, roubar polegadas dos banheiros para encaixar mais alguns assentos que geram renda ou acrescentar um tanque de combustível adicional para aumentar a autonomia de voo de um avião.

"Os novos produtos e modelos foram anunciados", disse Howard Rubel, analista da Jefferies Group LLC em Nova York. "Agora a questão é cumprir o prometido e abordar as necessidades incrementais das empresas aéreas".

A exposição dará início a uma nova era para as fabricantes de aviões, que têm uma reserva de pedidos para 14.380 aviões em carteira, segundo dados da Bloomberg Intelligence. Tendo gastado bilhões em vários modelos, do Boeing 787 Dreamliner ao Airbus A350 e o Airbus A380 que foram as estrelas das exibições recentes, o foco passou para a otimização dessas plataformas com o acréscimo de alguns assentos adicionais ou com o aumento da autonomia de voo de um avião com um tanque extra de combustível.

Nenhuma das duas grandes fabricantes de aviões levará um modelo novo a Le Bourget, o maior e mais antigo evento comercial do setor aeroespacial, o que põe fim a quatro anos consecutivos de estreias e apresentações de tirar o fôlego. Prevê-se que os pedidos fiquem muito aquém do montante de US$ 120 bilhões obtido na edição do ano passado da exibição de Farnborough, no sul da Inglaterra, que alterna com a feira de Paris.

Exibição de bonança

"Não podemos lançar novos desenvolvimentos a cada ano, é extremamente custoso, arriscado e demorado", disse o CEO da Airbus, Fabrice Brégier, em uma entrevista. "A estratégia para os próximos anos é injetar a inovação mais rapidamente. Não programas completamente novos, mas grandes evoluções".

Como o CSeries da Bombardier Inc. será o único avião comercial novo a estrear na Europa, é provável que neste ano as discussões se foquem na rentabilidade e na produção, e não nos modelos novos e resplandecentes.

A Airbus gosta de impressionar nas exposições aéreas, embora talvez neste ano não tenha tanto estilo quanto o desfile não programado do seu A350 de fuselagem larga, de US$ 11 bilhões, na última exposição em Paris, em 2013. Analistas do Goldman Sachs Group Inc. dizem que as expectativas para a fabricante europeia de aviões são "modestas", sem grandes anúncios de plataformas novas.

Mais assentos

Acrescentar assentos é uma das formas mais simples de melhorar a economia operacional, já que os custos normalmente são medidos com base em cada passageiro. A Airbus está trabalhando em um design para encaixar mais duas fileiras e meia ao A320, de fuselagem estreita, o que permitirá acomodar até 195 pessoas, ao alargar os escorregadores de evacuação.

A Boeing descobriu uma forma de encaixar até 14 assentos extras à parte traseira do777-300ER, seu maior modelo de motor duplo, onde a estrutura do avião se estreita. Para fazer isso, a fabricante de aviões com sede em Chicago reduzirá o tamanho dos toaletes e tomará emprestado um plano de lugares desenvolvido para o 787 Dreamliner, segundo Elizabeth Lund, vice-presidente e gerente-geral do programa do 777.

O CEO da Ryanair Group Plc, Michael O'Leary, que chegará a comprar 200 aviões 737 MAX 8, da Boeing, com oito assentos adicionais, diz que a capacidade extra implica que esses assentos "quase pagam o custo do avião" ao longo do seu ciclo de vida.

"Não trata-se apenas de uma redução dos custos, mas também de um salto muito significativo da receita e de uma diminuição dos custos", disse O'Leary.