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Após início de ano terrível, Pequim apaga incêndios no mercado

Bloomberg News

05/01/2016 17h16

(Bloomberg) -- A China começou 2016 apagando incêndios.

Após três meses de relativa calma no mercado acionário de US$ 6,5 trilhões do país, a queda de 7 por cento na abertura do novo ano levou os fundos do governo a respaldarem os preços das ações nesta terça-feira, segundo pessoas informadas sobre o assunto. O banco central injetou no sistema financeiro a maior quantia em dinheiro registrada desde setembro para limitar os custos dos empréstimos. Além disso, especula-se que tenha ocorrido uma intervenção da autoridade monetária no mercado de câmbio para evitar uma volatilidade excessiva.

Com as ações chinesas e o yuan registrando seus piores inícios de ano em pelo menos duas décadas, o Partido Comunista, que governa o país, tem dificuldades para permitir que os mercados tenham mais poder sobre a segunda maior economia do mundo. Nesta semana, dados privados mostraram que o setor industrial do país encerrou o ano passado com um 10o mês seguido de contração, amplificando o temor de que o crescimento econômico mais fraco em 25 anos impulsione saídas de capital.

"Não há dúvida de que a China quer liberalizar os mercados, mas isso está acontecendo em um momento em que é muito difícil fazê-lo de forma ordenada", disse Ken Peng, estrategista do Citigroup Inc. em Hong Kong.

Apesar de o banco central chinês ter dito que os mercados mais livres são fundamentais para seus planos de tornar a expansão econômica do país mais sustentável, as autoridades temem também que a queda nos preços dos ativos pese sobre a confiança empresarial e do consumidor. As saídas de capital da China aumentaram para um total estimado em US$ 367 bilhões no período de três meses que terminou em novembro, segundo dados compilados pela Bloomberg.

A corrida para venda no mercado de ações na segunda-feira foi provocada pelos dados industriais desanimadores desta semana, juntamente com os temores dos investidores de que o vencimento da proibição aplicada às vendas de participações por grandes acionistas liberará uma onda de ofertas de vendas no fim desta semana. Esses temores diminuíram nesta terça-feira, quando pessoas informadas sobre o assunto disseram que os órgãos reguladores planejam manter as restrições em vigor depois de 8 de janeiro.

Para respaldar os preços das ações, os fundos soberanos apontaram para empresas dos setores de finanças e siderúrgico, entre outros, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque a compra não foi revelada ao público. A queda de segunda-feira acionou os circuit breakers do país em seu primeiro dia, representando um revés para os esforços regulatórios para restaurar a calma em um mercado no qual os investidores individuais geram mais de 80 por cento dos negócios. O CSI 300 Index de ações de grande capitalização subia 0,3 por cento no fechamento desta terça-feira.

Intervenção no yuan

"Acho que a realidade, infelizmente, é que ainda precisamos de algum apoio ou intervenção estatal, em parte por causa da base de investidores que se tem na China", disse Tai Hui, estrategista-chefe do JPMorgan Asset Management para o mercado asiático em Hong Kong, em entrevista. "Você simplesmente não consegue retirar tudo ao mesmo tempo".

A autoridade monetária chegou a extremos para aumentar os preços das ações em meio à queda de US$ 5 trilhões do verão passado. Entre as medidas adotadas estão ofertas de aquisições acionárias por fundos estatais, a suspensão das ofertas públicas iniciais e a permissão para paralisação das negociações que congelou centenas de ações listadas na China continental.

O banco central interveio no mercado de câmbio da China nesta terça-feira por meio de bancos comerciais estatais, segundo uma pessoa com conhecimento direto do assunto. O yuan onshore subia 0,18 por cento, para 6,5219, às 17h43 pelo horário local, após uma queda de 0,62 por cento na segunda-feira. Foi o maior declínio em um início de ano desde 1994, quando a taxa de câmbio oficial despencou após a China encerrar o sistema de moeda dupla.

Título em inglês: China's Terrible Start to 2016 Has Beijing Fighting Market Fires

Para entrar em contato com a equipe da Bloomberg News: Justina Lee, em Taipé, jlee1489@bloomberg.net;Steven Yang, em Pequim, kyang74@bloomberg.net