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Por que as empresas italianas do luxo ainda apostam na China

James Tarmy

20/01/2016 09h48

(Bloomberg) -- Diante da queda do mercado de ações e das previsões de que o mercado pessimista será prolongado, um grupo de executivos italianos do segmento de luxo continua, de forma cautelosa e talvez improvável, otimista em relação à economia chinesa. "Às vezes, eu acho que há um mal-entendido", disse Michele Norsa, diretor de operações da Salvatore Ferragamo, que tem sede em Florença e fabrica sapatos oxford de US$ 860 e gravatas de seda de US$ 190. "A Bolsa de valores não está impactando muito o mercado consumidor".

Em entrevista durante a semana de moda de Milão, que é semestral, Norsa projetou confiança. "O clima, se você analisar diferentes categorias, ainda é de crescimento", disse ele.

Esse sentimento foi ecoado por Gian Giacomo Ferraris, CEO da Gianni Versace. "Acreditamos que mesmo com essa instabilidade teremos crescimento de dois dígitos" em 2016, disse ele, citando o aumento da percepção de marca, a baixa representação nos mercados asiáticos e "um incrível poder na área criativa". O mercado de ações volátil, disse Ferraris, poderia até ser algo positivo. "Alguns concorrentes irão embora", disse ele. "Por isso, haverá oportunidades incríveis para nós".

Essa teoria -- de que uma economia vacilante poderia na verdade beneficiar as empresas de luxo que ainda não têm uma presença importante na parte continental do país -- foi repetida por outros executivos.

"Na China, temos uma distribuição muito boa" de lojas, disse Remo Ruffini, presidente do conselho da Moncler, a empresa mais conhecida por suas jaquetas de plumas de US$ 1.500. "Não temos muitas lojas, são em torno de 25; acho que é importante fortalecer a marca".

Otimismo e cautela

Embora esse tipo de declaração otimista seja a esperada para um CEO, neste caso, as previsões não são apenas um otimismo cego ou uma interpretação positiva: outras marcas de luxo registraram receitas melhores que as expectativas para o quarto trimestre de 2015. A Burberry Group informou que voltou a crescer entre outubro e dezembro, e a Richemont, proprietária da joalheria Cartier, divulgou um declínio de apenas 9 por cento na região Ásia-Pacífico, contrariando as estimativas dos analistas de queda de 16 por cento.

Os mesmos executivos italianos, contudo, também transmitiram cautela. "O início de 2016 foi bastante instável", disse Norsa, da Ferragamo. "Já foi difícil projetar o tamanho do crescimento e principalmente o lugar do crescimento".

Ferraris, em outra entrevista, fez uma advertência similar. "Estou preocupado, mas tenho que ser corajoso", disse ele. "Mas ainda temos baixa penetração". A chave, disse ele, é uma expansão lenta, mas estável. "Não queremos um crescimento explosivo", disse ele. "Uma empresa do tamanho da Versace precisa de uma taxa de crescimento constante".