Confiança econômica na Europa atinge menor valor em cinco meses
(Bloomberg) - A confiança econômica na zona do euro caiu mais que o previsto pelos analistas em janeiro, o que fortalece a postura do Banco Central Europeu de querer aumentar o estímulo.
Um índice da confiança de executivos e consumidores caiu do número revisado de 106,7 pontos em dezembro para 105, disse nesta quinta-feira a Comissão Europeia em Bruxelas. É a leitura mais baixa desde agosto e se compara com a mediana de estimativas de uma queda para 106,4 em uma pesquisa da Bloomberg com economistas. O número informado anteriormente para dezembro era de 106,8 pontos.
"Tivemos mais turbulência nos mercados financeiros e isso normalmente afeta a confiança", disse Ken Wattret, economista-chefe do BNP Paribas para os mercados da zona do euro em Londres, antes da publicação do relatório. Embora o contexto de crescimento externo tenha piorado, "a tendência continua sendo positiva; a tendência ainda sugere que as condições econômicas na zona do euro são resilientes", disse ele.
O presidente do BCE, Mario Draghi, apresentou a perspectiva de uma política monetária ainda mais flexível já em março para fomentar o crescimento e realinhar a inflação com a meta da instituição, de pouco menos de 2 por cento. O Conselho do BCE tinha prolongado a flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês) por seis meses em dezembro e reduzido a taxa de depósitos para -0,3 por cento antes de decidir não modificar a política econômica neste mês.
Perspectiva incerta
A confiança na zona do euro piorou na maioria dos setores devido à incerteza em relação às perspectivas econômicas globais. O Federal Reserve (Fed) abriu as portas para um ritmo mais lento de aumentos nas taxas de juros em um momento em que China está lutando para lidar com a turbulência nos mercados financeiros e com a desaceleração do crescimento.
Um indicador da confiança na indústria da zona do euro recuou de -2 pontos em dezembro para -3,2 em janeiro, segundo o relatório. Uma medição dos serviços caiu de 12,8 para 11,6. A confiança entre os consumidores e os construtores também piorou.
O euro quase não apresentou mudanças depois da publicação do relatório e era negociado a US$ 1,0907 às 11h09, horário de Frankfurt. A moeda registrava uma alta de 0,1 por cento para o dia.
A inflação na zona do euro foi de apenas 0,2 por cento em dezembro, e uma pesquisa de Bloomberg com economistas projeta que a taxa subiu um pouco, para 0,4 por cento, em janeiro. O Eurostat publicará os dados na sexta-feira.
Enquanto isso, o mercado de trabalho europeu continua empenhado em se normalizar. O desemprego caiu para 10,5 por cento em novembro. O número é mais baixo que o pico de 12,1 por cento em 2013, mas ainda supera a média de 8,7 por cento nos dez anos posteriores à introdução do euro em 1999.
Como o desemprego está recuando, projeta-se que a economia se expandirá regularmente a um ritmo de 0,4 por cento por trimestre até meados de 2017, segundo outra pesquisa da Bloomberg. O crescimento está sendo impulsionado pelos consumidores, cuja renda disponível é reforçada pela queda dos preços do petróleo que mantém a inflação baixa, mas as exportações sofrerão por causa do enfraquecimento do comércio global.
"A queda no preço do petróleo tem reforçado claramente a renda disponível real das famílias", disse Neville Hill, economista do Credit Suisse Group em Londres, antes da publicação do relatório. "O crescimento do emprego é forte e positivo, o desemprego está caindo e, ao mesmo tempo, as condições financeiras estão se flexibilizando claramente".
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