IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Acordo Braskem e Petrobras beneficia detentores de bonds

Peter Millard e Ben Bartenstein

01/02/2016 12h17

(Bloomberg) -- A Braskem, gigante do setor petroquímico, está conseguindo escapar da turbulência no mercado internacional de bonds após assinar um acordo de fornecimento com a Petrobras.

Os US$ 3,6 bilhões em notas da Braskem tiveram ganho de 4,6 por cento desde 23 de dezembro, quando a empresa com sede em São Paulo disse ter garantido um acordo de cinco anos com a Petrobras para comprar nafta - um derivado do petróleo bruto e a principal matéria-prima na fabricação de petroquímicos. O retorno contrasta com uma queda média de 0,5 por cento nos mercados emergentes em meio um declínio cada vez mais acentuada dos preços das commodities e à desaceleração do crescimento econômico da China.

Os investidores apostam que o acordo ajudará a maior fabricante de produtos químicos da América Latina a capitalizar com a desvalorização do real para aumentar as exportações, em um momento em que muitas empresas do país lutam contra a pior recessão em mais de um século. A Braskem, com 29 instalações no Brasil que vendem a mercados tão distantes quanto a Ásia, também está passando por uma expansão de US$ 5,2 bilhões no México.

"Considerando o que está acontecendo no Brasil, esse é um diamante bruto", disse John Haugh, estrategista para a América Latina da Mizuho Securities USA em Nova York.

A Braskem é uma das exportadoras brasileiras com margens de lucros que aumentaram em meio à crise do real. A moeda caiu 33 por cento nos últimos 12 meses, segundo pior desempenho entre seus pares mais negociados. As exportações de resinas termoplásticas da empresa aumentaram 37 por cento durante os primeiros nove meses de 2015.

A fabricante de petroquímicos compra cerca de 70 por cento da nafta da Petrobras, que tem sede no Rio de Janeiro.

Os custos de dívida da Braskem caíram desde que o acordo foi fechado, e o rendimento pago pelos bonds da companhia com vencimento em 2021, que totalizam US$ 1 bilhão, caiu 1,2 ponto percentual. Esse valor se compara com um aumento médio de 0,4 ponto percentual nesse período para as empresas brasileiras.

A Braskem é "o único crédito no Brasil sobre o qual temos uma visão positiva", disse Julia Bretz, analista de renda fixa da BCP Securities, em entrevista no Rio de Janeiro.

Título em inglês: Petrobras Deal Sparking Gains for Chemical Giant's Bondholders

--Com a colaboração de Filipe Pacheco.

Para entrar em contato com os repórteres: Peter Millard Rio de Janeiro, pmillard1@bloomberg.net; Ben Bartenstein em Nova York, bbartenstei3@bloomberg.net Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto, tmarotto1@bloomberg.net Patricia Xavier