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Eduardo Paes: Crise dificulta venda de apts feitos para Olimpíada

Sabrina Valle e David Biller

19/02/2016 16h49

(Bloomberg) -- Parte dos apartamentos em prédios de luxo erguidos para as Olimpíadas podem ter dificuldade para encontrar compradores devido ao arrefecimento do mercado imobiliário no Rio de Janeiro, disse o prefeito Eduardo Paes, em entrevista à Bloomberg.

As empresas terão dificuldade para vender as unidades dos 31 prédios da Vila Olímpica, onde 3.604 apartamentos foram erguidos para os jogos em agosto, ele disse. Menos de 300 deles foram vendidos até agora. Um empreendimento de quatro torres ao lado do campo de golfe Olímpico também está exposto à crise imobiliária, de acordo com Paes. Ilha Pura é uma joint venture da Odebrecht e Carvalho Hosken e o Riserva Golf, da Cyrela.

"O mercado imobiliário desaqueceu muito", disse Paes de seu escritório na Prefeitura. "Ilha Pura é um risco maior. Os caras fizeram 31 prédios de uma só vez e vão ter dificuldade."

Desde que o Brasil entrou na disputa para os jogos, há nove anos, o País e a cidade do Rio passaram da bonança à crise econômica. O boom nos preços dos imóveis, que por anos parecia não ter fim, acabou. Com o financiamento imobiliário mais caro e escasso, algumas incorporadoras estão vendo o estoque encalhar. A demanda também é prejudicada pelo aumento do desemprego e pela recessão, que caminha para ser a maior em um século.

Das primeiras 600 unidades colocadas à venda no Ilha Pura, 40 por cento foram vendidas, de acordo com a Carvalho Hosken. "Estamos otimistas com a visibilidade dos Jogos Olímpicos, que certamente ajudará a impulsionar as vendas," disse a companhia em um comunicado enviado por email. A Cyrella não respondeu a um pedindo comentários feito por e-mail.

O Ilha Pura e o Riserva Golf são empreendimentos localizados na Barra da Tijuca onde será realizada a maior parte dos jogos. Preços de apartamentos na Barra e no Rio têm caído desde meados de 2015, de acordo com o índice FipeZap. Os preços de venda caíram ainda mais, segundo Eduardo Schaeffer, diretor executivo da Zap.

Os preços no Rio estão prestes a cair "um pouco mais", disse Paes. "Estavam muito altos, uma loucura."

Downgrade da S&P

A crise econômica no Brasil diminuiu as receitas de impostos federais. Com o governo lutando para implementar um ajuste fiscal para escorar suas finanças, a Standard & Poors rebaixou o rating da dívida soberana em um degrau na quarta- feira, para dois níveis abaixo do grau de investimento. Isso deixou o Rio, que estava um nível acima do rating soberano, perto do corte, de acordo com Paes.

"Eu fico bravo", disse Paes, referindo-se antecipadamente a um rebaixamento de um degrau. "Eu trabalhei para ter o grau de investimento."

Mas, a S&P foi ainda mais longe, rebaixando o Rio ao mesmo nível que o rating soberano poucas horas depois da fala de Paes. A agência de classificação disse que o Rio não passa no teste de estresse para ter uma classificação mais elevada. A liquidez da cidade, embora atualmente forte, não seria suficiente para cobrir o serviço da dívida nesse cenário, de acordo com a S&P.

O Rio alcançou o grau de investimento da Standard & Poor's em maio de 2012, após mais de uma década sem um rating de crédito.

Enquanto o grau de investimento tem sido um selo de aprovação para sinalizar uma gestão sólida, Paes disse que as empresas ainda estão dispostas a se estabelecer na cidade Olímpica. Empresas estrangeiras, incluindo a Tishman Speyer, já estão tirando vantagem de preços mais baixos do mercado imobiliário e do pior declínio de todas as principais moedas ao longo do ano passado para fechar negócios. Título em inglês: Rio Mayor Says Olympic Condos a Hard Sell in Weak Housing Market