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Lazard encontra joias em emergentes e supera 93% de seus pares

Elena Popina

24/02/2016 15h35Atualizada em 24/02/2016 18h41

(Bloomberg) -- Turbulências políticas e econômicas provocaram o êxodo dos investidores estrangeiros de alguns dos maiores países em desenvolvimento no último ano, mas Rohit Chopra se manteve firme. Agora, seu fundo de ações de mercados emergentes está se destacando.

O Lazard Emerging Markets Equity Portfolio, de US$ 9,2 bilhões, está superando 93% de seus pares em 2016. Nos últimos 12 meses, o fundo teve um desempenho inferior ao de 83% de seus concorrentes, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O fundo, que está overweight em algumas ações em países como Brasil, África do Sul e Turquia, recuou 20% no ano passado, em comparação com uma queda de 17% no índice MSCI Emerging Markets, porque os mercados despencaram em meio a turbulências políticas e econômicas. A carteira se concentra em ações subavaliadas, e neste ano os investidores retornaram à empresas que estão baratas em relação à sua rentabilidade, o que provocou uma reviravolta no fundo de Chopra.

"Você precisa ser capaz de avaliar o macro, o político e alguns dos riscos relacionados com a governança corporativa, e também reconhecer que o crescimento econômico em si não é necessariamente uma receita para retornos no mercado de ações", disse Chopra, em entrevista por telefone, de Nova York. "É fundamental ter um processo disciplinado e, para nós, isso significa analisar a produtividade financeira e a avaliação. Por exemplo, não investimos em ações por impulso porque elas estão indo bem".

Ações por impulso

Mesmo que o mercado no ano passado tenha favorecido empresas com potencial de crescimento em detrimento do valor, Chopra, que tem 20 anos de experiência em investimentos, disse que manteve o foco da empresa em ações que oferecem uma troca entre a avaliação e o retorno sobre o patrimônio. Um indicador MSCI de ações orientadas para o crescimento superou as empresas focadas em valor por 7% em 2015, e algumas das empresas de Chopra orientadas para o valor, como o Banco do Brasil, estiveram entre as que mais contribuíram para o declínio do fundo em 2015.

Neste ano, o índice MSCI EM Value superou o índice MSCI EM Growth em 1,6%. O Lazard Emerging Markets Equity Portfolio caiu 1,8% neste ano, em comparação com uma queda de 6,2% no índice MSCI Emerging Markets.

Nos mercados emergentes, Chopra vê valor em algumas ações de empresas de consumo, de telecomunicações e do setor financeiro, onde, segundo ele, a demanda é "relativamente elástica". Ele não dá preferência às empresas de internet.

Crescimento econômico

A história mostra que a expansão econômica nem sempre corresponde a uma expansão do mercado acionário. Uma análise de 2012 realizada por pesquisadores da London Business School, que se concentrou em 19 mercados desenvolvidos e emergentes de 1900 até 2011, concluiu que havia um coeficiente de correlação negativo de 0,39 entre a taxa real de retorno sobre o patrimônio e o crescimento econômico real. Um estudo de 15 países em desenvolvimento feito por Jay Ritter, professor de finanças da Universidade da Flórida, chegou a uma conclusão similar.

O índice Micex, da Rússia, caiu 4,3% no ano passado, enquanto a economia do país teve contração de 3,7%. O Standard & Poor's caiu 0,7% em 2015 enquanto a economia dos EUA cresceu 2,4%.

Chopra vê oportunidades em algumas ações no Brasil, onde o mercado acionário foi atacado pela incerteza política, pela inflação galopante e pela diminuição do crescimento econômico. Chopra, que também está overweight em Índia e Indonésia, tem ativos de empresas como a Vale e o Banco do Brasil, segundo dados compilados pela Bloomberg. O Lazard Emerging Markets Equity administrava US$ 24,9 bilhões até 31 de dezembro.

"Nossa decisão de fazer uma alocação em um país se baseia em pontos positivos absolutos", disse Chopra. "Não seguimos o benchmark diariamente. Se não encontramos valor fundamental em uma região, não teremos nenhum investimento".

(Com a colaboração de Ye Xie)