Opinião: Quando 3G ficar com fome de novo, General Mills ou Mondelez?
(Bloomberg) - Quando o bilionário brasileiro Jorge Paulo Lemann faz explorações para a próxima grande aquisição da 3G Capital, dá para imaginar Bill Ackman gesticulando: "Psiu, aqui".
Não é nenhum segredo que o fundo hedge de Ackman, Pershing Square Capital Management, teve um ano difícil, entre a sua posição comprada na Valeant Pharmaceuticals (as ações perderam quase 70% nos últimos 12 meses) e a aposta contra a Herbalife (as ações subiram quase 70%).
No entanto, Pershing Square também possui uma participação considerável na Mondelez, a fabricante dos biscoitos Oreo - uma das duas empresas de alimentos que podem estar na mira da 3G Capital - e ele provavelmente adoraria vê-la sendo adquirida com um bom premium.
Mas o outro alvo possível da 3G é a General Mills. E infelizmente para Ackman, a General Mills parece a melhor opção.
O modus operandi da 3G Capital está centrado no corte de custos, que foi feito no Burger King e, mais recentemente, na Kraft Heinz. Antes de Lemann e sua equipe se juntarem, H.J. Heinz tinha uma margem operacional de cerca de 14 por cento e a Kraft Foods era de cerca de 10%.
A 3G (em um negócio parcialmente financiado por Warren Buffett) adquiriu a empresa de ketchup em 2013, e depois fez a fusão com a Kraft no ano passado, criando um gigante de alimentos agora avaliado em US$ 93 bilhões.
As projeções dos analistas implicam uma margem operacional da entidade combinada que poderia aumentar 25% este ano e se aproximar de 30% em 2017. Isso, aliás, é quando espera-se que a 3G ataque novamente, com base em seus recentes padrões de compra.
No papel, tanto a Mondelez quanto a General Mills têm o tipo de espaço para melhorias que a 3G procura em seus alvos, sem dúvida, mais ainda a Mondelez. Se você excluir os ganhos com a venda de seu negócio de café no ano passado, a margem operacional da Mondelez foi cerca de metade da General Mill.
A margem inferior dá mais margem para reduzir despesas, a especialidade da 3G.
No entanto, a Mondelez já está fazendo isso por conta própria. A empresa de US$ 66 bilhões diz que está focada em transformar-se em uma "máquina executiva fina" através dos chamados orçamentos base zero, uma abordagem meticulosa em que o orçamento para um período começa do zero e cada custo deve ser justificado.
A Mondelez também está atualizando suas linhas de produção para torná-las mais eficientes e se livrar de produtos de baixo desempenho. A próxima transação da 3G pode não vir antes do próximo ano, então por essa questão, pode não ter sobrado muito a tirar da Mondelez para que um acordo seja interessante.
A General Mills também está procurando maneiras de economizar dinheiro, usando o que chama de "gestão de margem holística". A empresa de US$ 36 bilhões também fechou cerca de 20 por cento das suas fábricas na América do Norte, uma iniciativa que está fazendo com suas instalações internacionais, e está se retirando de algumas empresas decepcionantes.
Mas a 3G pode preferir a General Mills em vez da Mondelez porque sua comida simplesmente se encaixa melhor com o portfólio da Kraft Heinz. Muitos produtos da Kraft Heinz estão baseados nas refeições.
Há molhos para salada Kraft, recheio Stove Top, molho para carne A1 e condimentos e caldo Heinz, para citar alguns.
A General Mills tem Betty Crocker, Pillsbury e Progresso - itens para prato ou tigela, se você quiser. Mas a Mondelez, que se separou da Kraft em 2012, faz principalmente aperitivos, como biscoitos Ritz e os cookies Chips Ahoy, bem como o negócio de chocolates Cadbury que a Kraft comprou em 2010.
A grande presença da General Mills nos EUA - em comparação com as receitas mais globais da Mondelez - também poderia torná-la um alvo melhor seguindo as linhas da Kraft Heinz. E isso custaria bastante menos para o pretendente bastante endividado. A General Mills representa cerca da metade do tamanho da Mondelez, mas as duas geram cerca de US$ 2 bilhões ou mais de fluxo de caixa livre anual.
Pode demorar meses ou até um ano antes que a 3G organize sua próxima grande aquisição. Mas o que é seguro é que a indústria alimentícia está se transformando totalmente através de acordos e a Kraft Heinz foi o começo.
Esta coluna não reflete necessariamente a opinião da Bloomberg LP e seus proprietários.
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