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Rioprevidência negocia com credores de US$ 3,1 bilhões em bonds

Filipe Pacheco

29/03/2016 11h54

(Bloomberg) -- O Rioprevidência, o fundo de pensão dos funcionários públicos estaduais do Rio de Janeiro, está conversando informalmente com detentores de US$ 3,1 bilhões em bonds após ter expirado o período de concessão à violação de uma cláusula da dívida, ou waiver.

O Rioprevidência, que neste ano estima um rombo de R$ 10 bilhões no orçamento (US$ 2,8 bilhões), atualmente não cogita uma reestruturação completa de sua dívidas denominada em dólares, e não contratou nenhuma assessoria financeira para ajudar a solucionar sua necessidade de recursos, disse o CEO Gustavo Barbosa. Ele preferiu não fornecer detalhes adicionais sobre as conversas.

"Acreditamos que a estrutura das notas é resiliente e respalda o serviço financeiro dos bonds", disse Barbosa por telefone, do Rio de Janeiro. "No momento estamos buscando soluções amigáveis com os detentores de bonds".

Os investidores concederam uma alteração temporária dos termos da dívida em outubro depois que o índice de cobertura do serviço da dívida do Rioprevidência -- uma métrica do fluxo de caixa disponível para pagamento de juros e principal -- caiu abaixo do limite mínimo necessário para evitar uma possível aceleração dos pagamentos. Em troca, o fundo aumentou o cupom sobre os títulos em três pontos percentuais, chegando a 9,5 por cento. O fundo violou as cláusulas de dívida novamente nos últimos dois trimestres fiscais, inclusive no trimestre que terminou em 22 de março, quando o waiver expirou.

Em paralelo, o fundo de pensão também está negociando uma linha de crédito de R$ 1 bilhão com o Banco do Brasil para ajudar a financiar seu déficit, disse Barbosa. O banco preferiu não comentar sobre as negociações.

O Rioprevidência depende de royalties da venda de petróleo bruto, a maior parte proveniente de exploração da Petrobras, para pagar suas dívidas e aposentadorias de servidores. Os preços do brent caíram 65 por cento desde a emissão da primeira parte da dívida do Rioprevidência, em junho de 2014.

Os US$ 2 bilhões de bonds do fundo com vencimento em 2024, vencimento mais líquido entre os títulos em circulação, caíram 0,7 por cento na segunda-feira, para 58,7 centavos de dólar, mostram dados compilados pela Bloomberg.

No pior cenário, o Tesouro do Estado do Rio de Janeiro teria que arcar com o prejuízo do fundo, disse Barbosa. No ano passado, o fundo de pensão recorreu a cerca de R$ 7 bilhões em depósitos judiciais aos quais tinha direito de acesso, mas esses recursos já não estão disponíveis, acrescentou.

A Standard & Poor's rebaixou a classificação do Estado do Rio de Janeiro em janeiro em um degrau, para BB-, três níveis abaixo do grau de investimento, citando a deterioração fiscal em 2015 e gestão financeira e flexibilidade orçamentária "fracas". A agência de classificação também reduziu a avaliação do Rioprevidência com base em suas notas em dólares em dois degraus, para B+, em 29 de fevereiro.

Título em inglês: Strapped Rio Fund Starts Talks With Holders of $3.1 Billion Debt

Para entrar em contato com o repórter: Filipe Pacheco em São Paulo, fpacheco4@bloomberg.net, Para entrar em contato com os editores responsáveis: Telma Marotto tmarotto1@bloomberg.net, Patricia Xavier

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