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Aumento de obesos no mundo pressiona gastos com saúde

John Tozzi

01/04/2016 11h03

(Bloomberg) -- Nos últimos 40 anos observou-se um aumento sem precedentes no número de adultos obesos em todo o mundo, de 105 milhões em 1975 para cerca de 640 milhões. Se a tendência atual continuar, cerca de um quinto dos adultos será obeso até 2025.

A taxa mais do que dobrou entre as mulheres e triplicou entre os homens, segundo uma nova análise publicada na revista científica Lancet. Pela trajetória atual, a chance de cumprir a meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde de paralisar o aumento ao longo da próxima década, segundo o estudo, é "virtualmente zero".

Por trás do aumento global está um acesso maior a alimentos baratos por um aumento da renda. "Ficou muito fácil, à medida que os países saem da pobreza, comer muito e comer muitas calorias pouco saudáveis", disse Majid Ezzati, autor do estudo e presidente de saúde ambiental global da Imperial College London. Os preços das frutas frescas, dos vegetais e dos grãos integrais muitas vezes são "aparentemente mais altos do que os dos carboidratos altamente processados", disse ele.

Uma pessoa com um índice de massa corporal (IMC) maior que 30, ou que pesa pelo menos 203 libras (92 quilos) e tem 1,75 metro de altura, é considerada obesa. O peso médio da população mundial aumentou em cerca de 3,3 libras (1,5 quilo) por década desde 1975, estimam os pesquisadores. O peso em excesso eleva o risco de diabetes, doenças cardíacas e outras condições crônicas.

Os governos precisam se preparar para o salto nos custos médicos que acompanham um peso pouco saudável e focar na prevenção agora para evitar custos mais elevados no futuro, disse Bill Dietz, diretor do Centro Global Sumner M. Redstone para a Prevenção e o Bem-estar da Universidade George Washington. "Eles deveriam estar muito nervosos em relação ao tsunami de diabetes que vem em direção deles", disse Dietz. "O custo desse aumento na prevalência da obesidade será descomunal".

Trabalhando sob a bandeira da Colaboração sobre Fatores de Risco de Doenças Não Transmissíveis, Ezzati e centenas de colegas de todo o mundo coletaram dados de pesquisas que mediram a altura e o peso de 19 milhões de adultos. Depois, eles usaram métodos estatísticos para estimar tendências em padrões de peso globais e nacionais de 1975 a 2014.

Risco de saúde

O principal resultado? O peso em excesso se tornou um problema de saúde muito maior do que a falta de peso. Embora o baixo peso corporal ainda seja um risco de saúde substancial em algumas partes da África e do sul da Ásia, o peso excessivo é uma ameaça muito mais comum em todo o globo.

No caso das mulheres, essa transformação ocorreu há muitos anos. O número de mulheres obesas ultrapassou o de baixo peso há mais de uma década, segundo a análise da Lancet. Entre os homens, estar abaixo do peso ainda era um problema maior até cerca de 2011. Considera-se baixo peso quando o IMC de um adulto é de menos de 18,5, ou quando ele pesa menos de 125 libras (56,6 quilos) com 1,75 metro de altura. Em 1975, havia mais do que o dobro de pessoas com baixo peso do que obesas.

Ezzati disse que as tendências estão relacionadas. "O problema realmente se resume ao fato de as pessoas não terem o suficiente para comer ou não terem alimentos saudáveis suficientes para comer", disse ele. "Torna-se uma manifestação do mesmo problema".

O mundo rico consegue amenizar os impactos do peso pouco saudável sobre sua saúde com medicamentos para ajudar a controlar o diabetes, o colesterol ruim, a pressão sanguínea alta ou outras consequências na saúde. Os sistemas de saúde do mundo em desenvolvimento podem não estar equipados para fazer o mesmo. "Eles estarão preparados para lidar com os efeitos em cascata à medida que entramos nessa situação de obesidade severa?", disse Ezzati.