25 cidades decretaram calamidade financeira: mais de R$ 6 bi em dívidas

Prefeituras de ao menos 25 cidades brasileiras decretaram situação de calamidade financeira, conforme levantamento feito pelo UOL até o dia 14 de janeiro. Cuiabá (MT) é a única capital que aparece na lista, por enquanto. Três municípios informaram ter dívidas bilionárias. O total de débitos passa de R$ 6 bilhões.

O que aconteceu

Levantamento considera apenas medidas tomadas após a posse dos novos prefeitos, em 1º de janeiro deste ano. Informações foram disponibilizadas pelas prefeituras em redes sociais, além da publicação dos decretos.

Capital de Mato Grosso, Cuiabá está devendo R$ 1,6 bilhão, segundo a prefeitura. A atual equipe econômica aponta que, entre 2017 e 2024, as despesas tiveram aumento de 135%, enquanto a entrada de dinheiro cresceu 115%. Apenas R$ 6 milhões estavam disponíveis em caixa no dia 1º de janeiro.

A prefeitura de Belford Roxo (RJ) está fechada por ao menos 15 dias para reorganização, com dívidas que somam R$ 1,5 bilhão. Apenas gastos determinados por via judicial vão ser pagos. O atendimento aos cidadãos também está suspenso por 15 dias.

Cabo Frio (RJ) tem dívida estimada em R$ 1,4 bilhão, o que representa 84% da receita estimada para 2025, segundo a prefeitura. Conforme comunicado oficial, a folha de pagamento está atrasada, com débitos somando R$ 64 milhões, dívidas com concessionárias, falta de combustível e empréstimos consignados não foram repassados às instituições financeiras.

São João do Meriti (RJ) decretou calamidade financeira por dívidas que ultrapassam R$ 400 milhões. A nova gestão afirma que o pagamento do 13º salário dos servidores municipais não foi feito, além do bloqueio do Fundo de Participação dos Municípios e outros débitos gerais.

Prefeitura de Juazeiro (BA) está devendo ao menos R$ 300 milhões. A cidade é a que tem menor prazo de duração do decreto de calamidade financeira: 30 dias, que podem ser prorrogados.

O saldo negativo de Campo Limpo Paulista (SP) é de R$ 262,7 milhões. Segundo prefeitura, são R$ 141,7 milhões em empréstimos, R$ 100 milhões em débitos contratuais e R$ 21 milhões em restos a pagar.

Lauro de Freitas (BA) deve R$ 200 milhões. Nem o pagamento da folha, referente ao mês de dezembro, está garantido. As dívidas de curto prazo somam R$ 150 milhões e as pendências previdenciárias representam o restante.

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Teófilo Otoni (MG) decretou calamidade financeira, com dívidas que acumulam R$ 80 milhões. O município de Iguatu (CE) declara déficit de R$ 54 milhões, e enfrenta uma greve geral dos servidores públicos que estão sem receber os salários de dezembro e o 13º.

Rosário Oeste (MT) soma passivo financeiro de R$ 45 milhões. De acordo com o decreto de calamidade, são despesas empenhadas sem cobertura financeira e de dívidas de longo prazo com o fundo de previdência municipal. Agudos (SP) também afirmou ter déficit de R$ 45 milhões, além de um financiamento em andamento de R$ 20 milhões.

Principal dívida de Imperatriz (MA) é de R$ 40 milhões com instituto responsável pela contratação de mão de obra para educação. Em Nazaré da Mata (PE), o déficit público é também de R$ 40 milhões.

Com R$ 25 milhões em débitos, a prefeitura de Aral Moreira (MS) também decretou calamidade financeira. No decreto, além do valor que é devido, a gestão decidiu "fechar" a prefeitura até o dia 7 de fevereiro para que todas as contas e contratos possam ser analisadas. Atendimento ao público está suspenso no período, e apenas serviços essenciais funcionam.

Com maior parte da dívida nos empréstimos consignados e parcelas de financiamento, Carnaubais (RN) está devendo R$ 21,5 milhões. Há salários de dezembro que estão atrasados. O pagamento do 13º também está irregular. Penha (SC) tem quase R$ 10 milhões em dívidas.

Calamidade financeira significa deterioração significativa da capacidade de pagamento, com risco de insolvência ou falência. A situação pode exigir medidas mais drásticas, como reestruturação de dívidas, falência ou intervenção estatal para evitar colapsos.

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Todas as prefeituras congelaram despesas. Gastos que não são considerados emergenciais estão suspensos em praticamente todos os municípios que decretaram a calamidade financeira. Horas extras foram proibidas, auditorias foram instauradas e cortes de gastos estão previstos.

Mais cidades em calamidade

  • Capetinga (MG): dívida de aproximadamente R$ 6 milhões
  • Olhos d'Água das Cunhãs (MA): dívidas de R$ 4 milhões
  • Martins (RN): dívidas de R$ 2,9 milhões
  • Curaçá (BA): dívidas de R$ 2,7 milhões
  • Bento Fernandes (RN): não divulgou dívida.
  • Rio Bonito (RJ): não divulgou dívida
  • Bom Jesus da Lapa (BA): não divulgou dívida
  • Brumado (BA): Lei Orçamentária para o exercício de 2025 não havia sido promulgada pela gestão anterior, por isso decreto de calamidade

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