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E-mail de estudante de Harvard para CEO se transforma em negócio

Chanyaporn Chanjaroen e Grace Huang

07/04/2016 16h15Atualizada em 08/04/2016 18h30

(Bloomberg) -- Kelvin Teo, estudante da Faculdade de Negócios de Harvard que está criando uma startup de empréstimos peer-to-peer (P2P) como parte de seu currículo acadêmico, ofereceu o projeto a um possível sócio: o DBS Group, maior banco do Sudeste Asiático. Omitindo seu status de estudante, ele decidiu de repente, em outubro passado, enviar a proposta por e-mail ao CEO Piyush Gupta.

Na sede de Cingapura do DBS, o CEO recebeu a mensagem. Gupta vinha buscando formas de aproveitar a internet para melhorar os serviços bancários e o empreendimento de Teo, a Funding Societies, poderia funcionar. Três horas depois, o executivo enviou sua resposta: estou interessado.

Hoje, Teo, 29, e seu colega de classe e cofundador da Funding Societies, Reynold Wijaya, 27, estão a sete semanas da formatura em Harvard, em Boston. Eles também têm contratos assinados ou pendentes com o DBS e com outros bancos do Sudeste Asiático para colaboração com sua startup, que conecta investidores com tomadores de empréstimos de pequenas e médias empresas.

O sucesso deles como empreendedores, apesar de ainda matriculados no melhor programa de MBA dos EUA, mostra como os bancos da Ásia estão ansiosos por se unirem a empresas de tecnologia financeira em vez de serem superados por elas. Em uma pesquisa global com executivos de serviços financeiros realizada pela PricewaterhouseCoopers, 95 por cento dos executivos de bancos disseram que parte de seus negócios poderia ser perdida para empresas de tecnologia financeira.

Alerta desagradável

"A inovação do setor financeiro está claramente em andamento", disse a firma de consultoria com sede em Nova York, no mês passado, em um relatório. "Dada a velocidade do desenvolvimento tecnológico, os operadores históricos não podem se dar ao luxo de ignorar a tecnologia financeira". Formar parcerias com pessoas inovadoras é a melhor resposta dos bancos, disse a empresa.

Teo e Wijaya estão capitalizando isso e também seus laços com o Sudeste Asiático. Eles estimam que estão entre os 15 estudantes de sua classe na Faculdade de Negócios de Harvard que vêm da região. Embora esteja se expandindo rapidamente na China, a tecnologia financeira está ficando para trás no Sudeste Asiático. Wijaya diz que falta financiamento básico para pequenas e médias empresas, por exemplo, na Indonésia, seu país natal.

"As pequenas e médias empresas têm muito potencial e colaborar com elas também ajuda o país", disse ele.

Atraindo capital

Viajando pela região durante as férias, os estudantes captaram US$ 1,2 milhão de empresas de venture capital em Cingapura e Jacarta em apoio ao seu projeto, que também lhes renderá crédito acadêmico. Eles juntaram outros US$ 400.000 de seus próprios bolsos.

O maior investidor, a Alpha JWC Ventures, com sede na Indonésia, se interessou depois que seu sócio-gerente e cofundador Will Ongkowidjaja ficou conhecendo a Funding Societies por meio de uma rede de ex-funcionários da McKinsey & Co. Ele trabalhava em Jacarta para a firma de consultoria de gestão com sede em Nova York e Teo foi analista do escritório de Cingapura da empresa.

"Esses caras são realmente agressivos e sua execução é muito rápida", disse Ongkowidjaja. "Eles estão muito focados em fazer a coisa certa e em promover impacto social".

Os estudantes começaram a trabalhar na Funding Societies em um quarto minúsculo na saída de um dos túneis que ligam os edifícios do campus. Eles muitas vezes debatiam estratégias até a meia-noite.

A empresa abriu um escritório em Cingapura em maio do ano passado e uma segunda unidade em Jacarta, em janeiro. Lá, a empresa opera sob o nome Modalku, que significa "meu capital" no idioma local.

Fazendo negócios

A startup, agora com 39 funcionários, organizou 5,5 milhões de dólares de Cingapura (US$ 4,1 milhões) em empréstimos, disse Teo. A Funding Societies cobra uma tarifa de originação de 3 por cento a 4 por cento dos mutuários e retém 1 por cento dos reembolsos para os investidores. Os estudantes não têm salário. Antes da formatura, no mês que vem, pode sair uma parceria com o DBS.

"Esperamos compartilhar os detalhes em breve", disse Grace Ngoh, porta-voz do banco, por e-mail.