Banco do Japão aumenta fatia em empresas com aquisição de ETFs
(Bloomberg) -- Eles podem ainda não ter percebido, mas os executivos do Japão estão cada vez mais trabalhando para um acionista diferente de todos os demais: o banco central do país.
Embora o nome do Banco do Japão (BOJ, na sigla em inglês) não apareça em nenhuma parte dos documentos regulatórios dos principais investidores em ações, as aquisições da autoridade monetária de fundos negociados em bolsa a transformaram em um dos 10 principais acionistas de cerca de 90 por cento do Nikkei 225 Stock Average, segundo estimativas compiladas pela Bloomberg a partir de dados públicos. Atualmente o banco central é um dos principais proprietários, com mais blue chips japonesas do que a BlackRock, a maior gestora de recursos do mundo, e que a Vanguard, que administra mais de US$ 3 trilhões.
Os críticos já estão cautelosos em relação ao impacto desproporcional do banco central sobre o mercado de títulos japonês, e a crescente influência do BOJ poderia distorcer as avaliações e minar os esforços para melhorar a governança corporativa. Os defensores, por sua vez, dizem que as aquisições dão um impulso muito necessário à confiança do investidor. Com o Nikkei 225 em baixa de 8,4 por cento neste ano e a inflação bastante abaixo das metas oficiais, a maioria dos analistas consultados pela Bloomberg prevê que o BOJ ampliará sua compra de ETFs - uma decisão que poderia se concretizar já na quinta-feira.
"Para aqueles que querem que as ações subam a qualquer custo, é absolutamente fantástico que o BOJ esteja comprando tanto", disse Shingo Ide, estrategista-chefe de ações do NLI Research Institute em Tóquio. "Mas isso claramente está distorcendo a sanidade do mercado de ações".
Maiores posições
Conforme o atual plano de estímulo do BOJ, o banco central compra cerca de 3 trilhões de ienes (US$ 27,2 bilhões) de ETFs a cada ano. Embora as autoridades não revelem como essas posições se traduzem em participações em empresas individuais, estimativas podem ser recolhidas por meio dos registros do banco central disponíveis publicamente, dos documentos regulatórios das empresas e das gestoras de ETF e de estatísticas da Associação de Trusts de Investimento do Japão. O BOJ preferiu não comentar.
As estimativas revelam presença nas principais empresas do Japão, rivalizada por poucos outros grandes investidores, muitas vezes chamados de "baleias" no jargão do setor. O BOJ está classificado como um dos 10 maiores detentores em mais de 200 das 225 empresas do índice Nikkei, controlando efetivamente cerca de 9 por cento da Fast Retailing, a operadora das lojas Uniqlo, e cerca de 5 por cento da fabricante de molho de soja Kikkoman. O banco central aparece em terceiro lugar entre os maiores acionistas da Yamaha, uma das maiores fabricantes de instrumentos musicais do mundo, e da Daiwa House Industry, a maior construtora do Japão.
Acionista número 1?
Se o BOJ acelerar suas aquisições de ETFs nesta semana para uma taxa anual de 7 trilhões de ienes -- o ritmo previsto pelo Goldman Sachs --, o banco central poderia se tornar o acionista número 1 de cerca de 40 empresas do Nikkei 225 até o final de 2017, segundo cálculos da Bloomberg que consideram as posições de outros grandes acionistas permaneceriam inalteradas. O BOJ poderia ocupar o primeiro lugar em cerca de 90 empresas usando a estimativa do HSBC Holdings, de 13 trilhões de ienes.
Embora a compra de ETFs pelo BOJ tenha entrado na mira dos parlamentares de oposição, o presidente do banco central, Haruhiko Kuroda, defendeu o programa diversas vezes. Na semana passada, ele afirmou que as aquisições não são tão grandes se comparadas ao tamanho do mercado de ações do Japão.
Com um total estimado em 8,6 trilhões de ienes em março, as posições do BOJ respondem por cerca de 1,6 por cento da capitalização total de todas as empresas de capital aberto do Japão. A fatia contrasta com os cerca de 5 por cento mantidos pelo Fundo de Investimento de Pensões do Governo. O uso pelo banco central de ETFs de grande capitalização indica que suas posições estão concentradas, causando menos impacto sobre as milhares de empresas japonesas que estão fora dos índices de referência.
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