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BlackRock olha para títulos verdes enquanto Pimco pede cautela

Sally Bakewell e Rachel Evans

09/06/2016 16h38

(Bloomberg) -- A BlackRock e alguns dos outros principais administradores de ativos do mundo estão criando fundos com foco em títulos verdes. A chave é achar dívida suficiente para comprar.

A BlackRock está desenvolvendo fundos de títulos verdes que concorreriam com a Allianz e com a Axa, as maiores seguradoras da Europa, e com a State Street. Todas elas criaram produtos similares no ano passado. Os títulos verdes são títulos emitidos por bancos de desenvolvimento, municípios, concessionárias de energia elétrica e empresas para levantar recursos para medidas e projetos que visam beneficiar o meio ambiente.

"Estamos observando um forte interesse dos diferentes tipos de clientes que nós atendemos, de grandes instituições a family offices e investidores varejistas", disse Ashley Schulten, uma diretora da BlackRock.

A emissão também está crescendo. Empresas, governos e agências multilaterais como o Banco Europeu para a Reconstrução e o Desenvolvimento venderam mais de US$ 25 bilhões em títulos verdes neste ano, uma alta de quase 80 por cento em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo dados sobre emissões creditadas compiladas pela Bloomberg. Se as vendas continuarem no atual ritmo, poderia haver cerca de US$ 55,8 bilhões em títulos verdes neste ano, segundo uma estimativa feita pela Bloomberg New Energy Finance, em comparação com cerca de US$ 46 bilhões emitidos no ano passado, número que inclui a emissão não creditada.

Ainda assim, não existem títulos suficientes dada a demanda, disse Alex Struc, gerente de carteira da Pimco Europe. "Nós não temos um fundo dedicado a títulos verdes porque não acho que é uma proposição viável hoje", disse ele.

China

Grande parte do crescimento na emissão de títulos verdes vem da China, que aprovou a venda dos valores pela primeira vez em dezembro. Empresas e outros emissores no país venderam mais de US$ 8,45 bilhões em títulos verdes neste ano, a maioria denominados em yuans, mostram dados da Bloomberg. O governo aprovou emissores a vender mais de US$ 15 bilhões em títulos verdes a fim de ajudar a combater a polução no ano até agora, disse Ma Jun, o economista-chefe da agência de pesquisa do Banco Popular da China, em uma cúpula na terça-feira em Pequim.

A maioria dessas vendas foi feita a investidores locais. Não está claro quão forte será a demanda fora da China pelos papéis, que pode ser diferente daqueles de outros países, disse o escritório de advocacia Reed Smith em um relatório publicado em maio. Em particular, usinas elétricas que funcionam com carvão limpo podem ganhar status de título verde, ao passo que os investidores ambientais estrangeiros costumam evitar qualquer coisa ligada a combustíveis fósseis.

Os yields dos títulos corporativos comuns estão baixos nos EUA e na Europa, onde o Banco Central Europeu acaba de começar a comprar dívida de empresas para estimular a economia, o qual dá menos incentivos aos emissores para procurar formas criativas de financiamento. A venda de títulos verdes também traz custos adicionais que poderiam dissuadir alguns emissores, disse Gregory Elders, analista de assuntos ambientais, sociais e administrativos da Bloomberg Intelligence em Nova York. A emissão corporativa nos EUA caiu cerca de 20 por cento no ano em comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Bloomberg sobre transações creditadas.

Um mundo melhor

Os investidores se interessam por comprar valores que ajudem a melhorar o mundo, disse Suzanne Buchta, diretora-gerente de títulos verdes do Bank of America Corp., o maior subscritor de vendas de títulos verdes do mundo.

"Há um conjunto crescente de investidores ecológicos que se importam", disse ela.

Os clientes estão perguntando sobre os fundos, disse Henrietta Pacquement, gerente de carteira em Londres da ECM Asset Management, parte da Wells Fargo Asset Management. "Embora não tenhamos um mandato específico, estamos tomando nota porque as pessoas estão se sensibilizando sobre esse tipo de problema".