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Minério de ferro pode ficar abaixo de US$ 50 até fim do ano

Jasmine Ng

11/07/2016 09h37

(Bloomberg) -- Os embarques de minério de ferro no maior terminal de exportação de granéis do mundo, na Austrália, atingiram uma alta recorde em junho, respaldando uma série de previsões de que os preços caminham novamente para menos de US$ 50 a tonelada até o fim do ano com uma maior expansão dos estoques nos portos chineses.

As exportações a partir de Port Hedland totalizaram 41,8 milhões de toneladas, contra 39,4 milhões em maio e 38,4 milhões um ano antes, segundo dados da Autoridade Portuária de Pilbara, nesta segunda-feira. Os carregamentos para a China somaram 34,5 milhões de toneladas, também uma alta histórica, contra 31,7 milhões em maio e 32,6 milhões em junho de 2015.

A ampliação em Port Hedland aumenta a evidência de uma robusta oferta de baixo custo em meio à desaceleração da produção de aço da China e essa elevação poderá prejudicar os preços, que subiram 28 por cento em 2016 após três anos de prejuízos. O Citigroup manteve sua perspectiva pessimista para o minério de ferro em uma nota na segunda-feira e a Clarksons Platou Securities informou que com os novos aumentos de produção, inclusive da nova mina da Roy Hill Holdings, os preços podem acabar caindo.

"A Roy Hill continua ampliando suas exportações após fazer pouca diferença, de uma forma geral, no primeiro trimestre", disse Jeremy Sussman, analista da Clarksons em Nova York, em referência ao projeto de Gina Rinehart que está em curso neste ano após o envio de seu primeiro carregamento em dezembro. "Estimamos que as exportações por Hedland crescerão significativamente no segundo semestre".

Preço de referência

O minério com 62 por cento de conteúdo estava em US$ 55,68 a tonelada na segunda-feira, segundo a Metal Bulletin. Os preços oscilaram entre uma mínima de US$ 38,30 em dezembro e US$ 70,46 em abril, nível mais alto desde janeiro de 2015, e registraram ganhos trimestrais consecutivos no primeiro semestre. De março para cá, o preço ficou abaixo de US$ 50 em apenas três oportunidades.

As exportações da Austrália vêm subindo em um momento em que a produção de aço da China está diminuindo. No primeiro semestre, as exportações de minério a partir de Hedland somaram 229 milhões de toneladas, 3,6 por cento a mais que no mesmo período do ano anterior, segundo cálculos da Bloomberg baseados em informações do porto. Na China, a produção de aço caiu 1,4 por cento nos cinco primeiros meses do ano. A Austrália é o maior exportador de minério de ferro e a China é o maior comprador.

O minério provavelmente cairá neste trimestre devido aos fortes volumes da Austrália e do Brasil e à fraca demanda downstream (refino e abastecimento), disse o Citigroup em seu relatório. As exportações de produtoras como a Roy Hill e a Minas Rio, da Anglo American, poderiam exercer pressão sobre os preços a médio prazo, disse o banco.

O Citigroup coloca o minério de ferro a US$ 48 neste trimestre, a US$ 46 nos últimos três meses de 2016 e a US$ 42 no ano que vem. O Goldman Sachs informou em maio que a commodity poderá chegar a US$ 40 nos últimos três meses deste ano, enquanto o Morgan Stanley projetou o minério a US$ 35 no período.

Port Hedland é um porto marítimo para oferta de baixo custo da região de Pilbara, na Austrália, e movimenta cargas de mineradoras como BHP Billiton, Fortescue Metals Group e Roy Hill, de Rinehart. Os embarques do porto representaram 58 por cento da exportação total de minério de ferro da Austrália no ano passado.