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Investidores fazem caçada a proteção barata contra imprevisto

Paul Smith

18/07/2016 12h28

(Bloomberg) -- Com o índice S&P 500 próximo a altas recorde e os yields dos títulos do Tesouro dos EUA perto de mínimas históricas, os mercados internacionais se parecem cada vez mais com o diagrama da bola no topo da montanha usado para ilustrar um estado de instabilidade nos livros de ciência populares. Role para a esquerda e provoque um colapso cataclísmico no mercado de ações; role para a direita para o ressurgimento do crescimento global, a alta dos preços das ações e a queda dos títulos.

A visão na parte de baixo da montanha é formada por dois fatos alarmantes:

Um: as empresas de grau de investimento, em sua maioria, caem quando as taxas de juros estão perto do piso.

"Se você voltar 200 anos no tempo", disse Thomas Thygesen, chefe de estratégia de ativos cruzados do Skandinaviska Enskilda Banken (SEB) em Estocolmo, "descobrirá que todas as grandes crises bancárias e todas as ondas de falências de empresas pelo excesso de dívidas não acontecem quando a taxa de juros é elevada, e sim quando elas não podem cair mais".

Dois: durante as três últimas décadas, apesar de emergirem de uma série de grandes crises de dívidas, a dívida total no G-7 mais a China continuou subindo e atingindo altas históricas.

E então, como os investidores fazem hedge para o estouro de uma bolha de dívida na China ou para a separação desordenada da União Europeia -- ou para um evento imprevisto? E como fazem isso sem sacrificar grande parte do potencial de ascensão se o desastre é evitado e o mercado de ações sobe?

Normalmente os investidores comprariam muitas das chamadas opções 'out the money', mas elas se tornaram mais caras porque o mercado está mais concorrido, o que significa que farão uma diferença maior nos retornos enquanto os investidores aguardam por um colapso, segundo Thygesen.

Isso provocou uma caçada por hedges mais baratos contra imprevistos.

"Eu realmente não vejo solução para o problema que te permitiria perseguir oportunidades de curto prazo e sentir-se completamente confiante de que não está apostando a sobrevivência de sua carteira ou de sua empresa, a menos que você comece a fazer seguros contra imprevistos em algum lugar no sistema", disse Thygesen.

Thygesen diz que o SEB vem procurando seguros contra risco de liquidez não linear -- hedges que pagam se os mercados de títulos congelam, se o mercado interbancário é fechado ou se há um colapso nos preços das ações -- observando fatores e prêmios de risco. Por exemplo, a diferença de avaliação entre as empresas de pequena capitalização e as empresas blue chip deveria crescer em caso de uma forte queda apavorada.

O rescaldo do referendo do Brexit foi um bom exemplo de uma reação instintiva dos investidores a um evento inesperado.

Na sexta-feira 24 de junho, dia posterior ao referendo, a mesa de trading ETF do Unicredit "tinha 90 por cento do fluxo apenas comprando e comprando apenas blue chips", por isso não havia fatores, nem volatilidade mínima, nem dividendo, nem índices de valor, disse Paolo Giulianini, chefe de negociação de ETFs do UniCredit Bank, em conferência de ETFs nos escritórios da Bloomberg em Londres, em 5 de julho. "Em termos de fluxo, quando há um grande movimento do mercado, os clientes negociam apenas ETFs blue-chip".