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Irã estuda retorno a mercado global de títulos após 14 anos

Golnar Motevalli

20/07/2016 12h11

(Bloomberg) -- O Irã estuda retornar aos mercados internacionais de dívidas pela primeira vez desde 2002, disse um representante do governo, no momento em que a república islâmica busca financiar sua recuperação econômica um ano após o histórico acordo nuclear que ofereceu uma rota de saída do isolamento.

O ministro da economia, Ali Tayebnia, cuja pasta está na linha de frente da busca por assegurar o acesso do Irã ao sistema financeiro internacional, disse em entrevista, em Teerã, esperar que seu país consiga uma classificação de crédito em um "futuro próximo", um passo que poderia ajudar a atrair investidores em títulos.

As autoridades iranianas estão "negociando com todas as agências de classificação", disse ele.

Dez meses antes do fim de seu primeiro mandato, o presidente iraniano, Hassan Rouhani, busca transformar o sucesso diplomático que virou sua marca em benefícios econômicos tangíveis para os 80 milhões de habitantes do Irã.

Sua tentativa de atrair bilhões de dólares em investimentos estrangeiros necessários para reconstruir a infraestrutura tem sido prejudicada pela preocupação dos bancos globais de entrarem em choque com as sanções do Tesouro dos EUA não canceladas pelo acordo de julho de 2015. Teerã também fez fortes críticas a tentativas de parlamentares republicanos, em Washington, de desfazer o acordo.

"Na área das relações bancárias, especialmente dos grandes bancos, ainda enfrentamos alguns problemas", disse Tayebnia. "Contudo, parte desses problemas, gradualmente e com o tempo, será resolvida".

Última fronteira

O Irã concordou em desmantelar partes importantes de seu programa atômico sob o acordo de julho de 2015 em troca da remoção da maior parte das sanções. O acordo evitou um possível confronto militar ao eliminar a capacidade do Irã de desenvolver ogivas nucleares, armas que a república islâmica negou que estivesse buscando.

Para muitos investidores, isto também significou a possibilidade de abertura de um dos últimos mercados de fronteira não explorados do mundo.

O Irã emitiu dívidas internacionais pela última vez em julho de 2002, segundo o Fundo Monetário Internacional. Representantes da Fitch Ratings visitaram o país em junho para fazer uma avaliação inicial da economia, disse Akbar Komijani, vice-presidente do banco central, em entrevista, em 30 de junho. A agência disse em março que estava negociando com a república islâmica, mas preferiu não dar detalhes.

A Fitch retirou em 2008 sua classificação soberana B+ do Irã, a quarta nota junk mais elevada, após o vencimento e pagamento pleno de seu último título soberano em euros, naquele ano. A Moody's retirou a nota B2 aplicada ao Irã em 2002, segundo dados compilados pela Bloomberg.

"No momento, a base para a emissão de títulos e de várias dívidas iranianas nos mercados internacionais existe", disse Tayebnia. Ele não detalhou o tamanho e o momento da possível venda.