Investidores não procuram rendimentos, mas segurança, diz Bank of America
(Bloomberg) -- Cerca de oito anos depois da crise financeira, os investidores continuam petrificados diante de ativos de risco.
Talvez essa afirmação não soe realista para qualquer um familiarizado com a "busca por yields" que segundo se afirma fez com que recentemente os investidores se apressassem em conseguir valores mais arriscados. Mas uma nova nota do Bank of America Merrill Lynch inverte essa história afirmando que a "busca por segurança" superou a busca por yields - pelo menos, em termos de retornos.
A questão é o grau em que yields mais baixos na dívida de governos de referência empurraram investidores para ativos mais arriscados - um objetivo fundamental dos programas de compras de títulos de bancos centrais conhecidos como flexibilização quantitativa (QE, na sigla em inglês). Diante da queda dos yields, os investidores devem passar para ativos mais arriscados com rendimentos maiores para gerar os retornos exigidos, ou é assim que se pensa.
Mas a comparação dos retornos de títulos e ações frente a seus respectivos yields reais no dia 29 de dezembro de 2015 - um pico recente para os yields dos títulos do Tesouro dos EUA - mostra pouca relação entre ambos. Ou, como também apontaram analistas do Credit Suisse na semana passada, alguns dos ativos com os yields mais baixos têm sido os melhores geradores de retornos nos últimos anos.
"Nosso ceticismo em relação à história da 'caça aos yields' é impulsionado pela dissonância entre os yields oferecidos por vários ativos e os retornos materializados desde então", escrevem estrategistas do BofAML encabeçados por Rachna Ramachandran. "Não há uma relação discernível entre yield e retorno no exemplo".
Luta pela segurança
Os analistas do BofAML afirmam que em vez de uma busca de yields, o mundo tem se caracterizado por uma luta por segurança. Os ativos vistos como os mais seguros - como papéis de governos - geralmente apresentaram rendimento superior nos últimos anos apesar de que seus yields caíram cada vez mais.
A dinâmica significa na prática que os investidores procuraram 'duration' - isto é, bonds mais sensíveis a movimentos nas taxas de juros - para compensar a escassez de yields. Diante da escolha entre o risco creditício (a possibilidade de que um emissor dê calote) e o risco de 'duration' (a possibilidade de que o preço dos títulos caia mais do que outros tipos de dívida se as taxas de juros subirem), a segunda opção se impôs na maioria dos casos.
Por exemplo, os papéis vendidos por empresas americanas com balanços mais fortes renderam 3,7 por cento em dezembro do ano passado, segundo os analistas, mas retornaram menos de metade do desempenho dos títulos do Tesouro dos EUA, que renderam uma taxa similar, de 3,04 por cento, mas com o triplo de duração.
A análise suscita a pergunta de se existe uma tensão entre políticas monetárias não convencionais que visam reduzir os yields de títulos de referência e levar investidores para ativos mais arriscados e um cenário pós-crise financeira no qual - e em alguns casos é exigência desse cenário - os investidores acumulam ativos seguros.
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