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Bancos se rendem à tecnologia financeira em busca de lucros

Jenny Surane e Miles Weiss

29/07/2016 15h01

(Bloomberg) -- Em uma carta anual aos acionistas no ano passado, o CEO do JPMorgan Chase & Co., Jamie Dimon, alertou com letra negrita que "o Vale do Silício está chegando" para o setor financeiro. Neste ano, seu tom foi otimista, descrevendo sistemas de pagamento e parcerias que seu banco montou para concorrer.

"Estamos muito entusiasmados", disse ele.

As projeções de que os bancos estão prestes a ser incomodados por novas empresas movidas a tecnologia começam a parecer um pouco com a ação da LendingClub Corp. O valor desse mercado de empréstimos virtual disparou no fim de 2014 e depois despencou mais de 80%.

Bancos como JPMorgan, Goldman Sachs Group e American Express estão descobrindo diversos modos de lucrar a partir desses rivais -- através de parcerias, acordos de financiamento, negociações e, às vezes, imitações de suas ideias.

Não é que as novas rivais -- muitas vezes chamadas de empresas de tecnologia financeira -- não estejam conseguindo conquistar adeptos.

Os empreendimentos online que oferecem empréstimos a consumidores, pequenas empresas e compradores de imóveis sem dinheiro, por exemplo, registraram um crescimento espetacular nos últimos anos. Mas os bancos levam uma enorme vantagem na concessão de empréstimos e estão observando essas startups de perto. À medida que os tomadores de empréstimos passam a usar novos serviços, as empresas tradicionais estão seguindo o embalo.

Financiadores da LendingClub

Poucas empresas representam a promessa e a mudança da sorte das companhias de tecnologia financeira como a LendingClub. Ela foi a pioneira dos empréstimos entre particulares durante a crise financeira, fazendo uma ponte entre clientes que queriam dinheiro emprestado e pessoas que queriam lucrar com os juros.

Os grandes investidores não demoraram para perceber que era possível ganhar dinheiro com isso. Bancos locais arrebataram grandes empréstimos para seus próprios balanços, reduzindo custos e diversificando além de seus mercados locais.

Em maio, a LendingClub destrinchou suas vendas aos bancos: bancos comunitários e outros credores à moda antiga arrebataram cerca de 34% dos US$ 2,8 bilhões em empréstimos que a empresa organizou no primeiro trimestre, contra uma média de uns 25% durante 2015.

O Goldman Sachs, por sua vez, está tentando concorrer. O banco anunciou planos para implementar uma plataforma de empréstimos ao consumidor. A empresa só revelará detalhes como taxas e condições quando o serviço estrear, no quarto trimestre deste ano, mas o diretor financeiro Harvey Schwartz projetou neste mês que este será "um negócio duradouro" para a empresa.

As pequenas empresas podem agradecer aos empreendimentos online por simplificar os pedidos de empréstimos, acelerar decisões e fornecer o tão necessário crédito quando muitos bancos tradicionais recuavam depois da crise financeira de 2008.

Empresas não bancárias agora concedem cerca de um quarto dos US$ 800 bilhões dos empréstimos em circulação ao setor, de acordo com uma pesquisa de QED Investors e Oliver Wyman. Mas nem sempre os juros são baixos.