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Resultados globais caem e empresas buscam por mais economia

Thomas Black

01/08/2016 13h34

(Bloomberg) -- Os resultados corporativos caminham para o quinto trimestre consecutivo de declínios, derrubados principalmente pelas dificuldades enfrentadas por empresas de energia devido ao baixo preço do petróleo e pela lentidão da economia mundial, que ameaça sufocar o crescimento das vendas em muitos setores.

Empresas dos EUA tão distintas quanto a rede de hambúrgueres McDonald's e a Honeywell International, uma fabricante de equipamento para o processamento de gás e controles de cabines de avião, cortaram custos e recompraram ações para favorecer os resultados. Diante da dificuldade para elevar as vendas em todo o mundo, a operadora europeia de TV Sky e a sul-coreana Hyundai Heavy Industries estão reduzindo gastos para aumentar os lucros.

John Carey, gestor de fundos da Pioneer Investment Management, em Boston, chama isso de engenharia dos resultados e diz que já viu essa situação antes. As empresas enfrentaram uma economia medíocre durante vários anos devido à vacilante recuperação da produção industrial dos EUA, à desaceleração da economia mundial e à queda dos preços do petróleo, de mais de US$ 100 por barril em 2014 para US$ 50.

"Não houve muito do que se poderia chamar de um crescimento real e verdadeiro dos resultados através da melhoria das vendas e dos negócios e da expansão das operações", disse Carey, cuja empresa administra cerca de US$ 240 bilhões em títulos e renda fixa em todo o mundo. "Apenas continuam metendo a mão cada vez mais profundamente nessa cartola e encontrando coelhos escondidos e novos meios de gerar resultados".

A economia mundial deverá crescer 2,9 por cento neste ano, de acordo com a média das estimativas dos economistas consultados pela Bloomberg. É a menor taxa desde 2009, porque projeta-se que EUA, União Europeia, China e México vão registrar neste ano uma desaceleração do crescimento em relação a 2015.

Cerca de dois terços das empresas do índice Standard & Poor's 500 já informaram seus resultados, que mostraram uma queda de 3,3 por cento em relação ao ano anterior e as vendas diminuíram 0,5 por cento. Excetuando-se as empresas de energia, os resultados subiram 1,1 por cento e as vendas avançaram 3 por cento.

A Ásia e a Europa se saíram pior. No total, 294 empresas do índice MSCI AC Asia Pacific já anunciaram seus resultados, que despencaram 19 por cento. Na Europa, os lucros caíram 14 por cento com os resultados de quase dois terços das empresas no índice Stoxx Europe 600.

No auge do terceiro trimestre, há motivos para manter a cautela, disse Mark Luschini, chefe de estratégia de investimento da Janney Montgomery Scott, que administra US$ 54 bilhões. As margens dos lucros operacionais para o S&P 500 caíram para menos de 12 por cento pela primeira vez desde 2010 e poderiam piorar à medida que a pressão salarial surtir efeito.

"Houve um enfraquecimento da margem nos últimos dois anos, e acho que continuaremos vendo isso se houver um aumento das contratações e dos salários", disse Luschini. "Isso só vai colocar mais pressão sobre as margens se não houver um crescimento da receita".