Mais de US$ 40 bi em hedge desaparecem dos balanços brasileiros
(Bloomberg) -- As empresas brasileiras, que no ano passado ampliaram seu hedge contra a desvalorização do real, estão correndo para reduzir suas posições diante da forte recuperação da moeda brasileira.
É o caso do frigorífico Minerva, que recentemente zerou sua posição em derivativos cambiais, utilizados para proteger sua dívida denominada em dólares, depois de perder R$ 426 milhões com esses contratos no primeiro semestre. Decisão semelhante à da rival JBS, que chegou a ter US$ 12 bilhões em apostas contra o real no seu balanço. A Suzano Papel e Celulose foi um passo além: a empresa "dolarizou" toda sua dívida líquida para compensar o impacto de uma maior desvalorização da moeda americana em suas receitas de exportação.
O valor total das posições compradas e vendidas em contratos a termo de dólar, o instrumento mais utilizado pelas companhias do país, caiu 32 por cento, para US$ 93 bilhões em junho, segundo os dados disponíveis mais recentes, em relação a cerca de US$ 135 bilhões em setembro, de acordo com a Cetip, que registra as transações.
Trata-se de uma reversão drástica para uma moeda que estava em queda livre há apenas um ano, quando a economia do Brasil caiu em sua pior recessão em um século e o governo estava imobilizado por um escândalo de corrupção e uma crise política. Agora, investidores parecem confiar que a maior economia da América Latina vai se recuperar em breve. Após cair 33 por cento no ano passado, o real recuperou grande parte do terreno perdido com uma alta de 25 por cento neste ano, a maior entre as principais moedas.
"As empresas parecem estar confortáveis com o real nos níveis atuais e não sentem que precisam de proteção agora", diz Fábio Zenaro, superintendente de produtos da Cetip. "Elas não veem o dólar se valorizando ante o real no curto prazo".
As empresas com grandes dívidas em dólar têm um abalo em seus balanços quando o real se desvaloriza, uma vez que o valor do passivo é convertido na moeda local. Por outro lado, a desvalorização da moeda tem um impacto positivo sobre suas receitas com exportação.
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