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Indústria solar eleva produção e excesso iminente ameaça preços

Joe Ryan

24/08/2016 10h35

(Bloomberg) -- As fabricantes do setor de energia solar que atualmente estão ampliando a produção enfrentam o excesso iminente de painéis, forçando as empresas a se ajustarem ou a enfrentarem consequências desastrosas.

A Trina Solar, a Canadian Solar e a JinkoSolar Holding são algumas das fornecedoras que estão ampliando a produção em fábricas que expandirão a capacidade global em 18% neste ano, segundo a Bloomberg New Energy Finance.

As fabricantes estão mergulhadas em uma corrida para construir fábricas maiores e mais avançadas para produzir painéis mais rapidamente e de forma mais barata. Quando os painéis começarem a sair, a demanda deverá perder força, especialmente na China, onde o governo reduziu os subsídios no mês passado. Os preços estão em queda e os fornecedores estimam que as margens também sofrerão um declínio. Trata-se do mesmo padrão visto depois que o excesso global de oferta tirou dezenas de empresas do negócio cinco anos atrás.

"O excesso de oferta parece ser o normal da indústria solar", disse Jenny Chase, analista líder do setor solar da New Energy Finance.

A indústria solar passou por um ciclo similar de boom e queda depois que a capacidade cresceu mais rapidamente do que a demanda, desencadeando um declínio de dois anos a partir do fim de 2011. O resultado foi uma onda de consolidações quando os preços despencaram e os prejuízos das fabricantes de painéis se acumularam. Os painéis baratos também ajudaram a estimular a demanda por mais energia solar e acabaram levando as sobreviventes a expandirem a produção.

Preços

"Todas essas empresas estão lutando por participação de mercado e a tendência é ampliarem cada vez mais sua capacidade", disse Pavel Molchanov, analista da Raymond James Financial, em entrevista. "Isso acaba derrubando os preços e as margens de todos".

A Canadian Solar, a segunda maior fabricante, está construindo uma unidade de 350 megawatts no Brasil e a JinkoSolar está expandindo a produção de uma fábrica de 450 megawatts que entrou em operação na Malásia no ano passado.

Isso ocorre em meio à desaceleração da demanda na China, maior mercado do mundo, onde o governo está reduzindo os subsídios aos parques solares autorizados após 30 de junho. Isso gerou uma onda de projetos no primeiro semestre do ano porque as desenvolvedoras somaram até 22 gigawatts antes do fim do subsídio, disse Hugh Bromley, analista da New Energy Finance. Com o subsídio mais baixo em vigor, ele espera cerca de 6 a 8 gigawatts de novos projetos solares no segundo semestre.

A Trina, maior fabricante de painéis do mundo, informou na terça-feira que as exportações cairão até 6,5% no terceiro trimestre, para 1,55 a 1,65 gigawatt. Ao mesmo tempo, a empresa aumentou a capacidade de produção em 7,1% após abrir uma fábrica de 500 megawatts na Tailândia, em março. A Yingli Green Energy Holding informou na terça-feira estimativa de queda de até 54% nas exportações no trimestre atual depois que 60% de seus painéis foram para a China no segundo trimestre.