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Estouro de bolhas de ativos pode gerar ciclo otimista para ouro

Ranjeetha Pakiam

21/09/2016 11h30

(Bloomberg) -- O ouro provavelmente atingirá uma alta recorde dentro de cinco anos porque bolhas de ativos vão estourar, dos títulos ao crédito e às ações, o que obrigará os investidores a encontrar um refúgio, de acordo com Diego Parrilla, da Old Mutual Global Investors.

O metal está no começo de um período de vários anos com uns "poucos milhares de dólares de vantagem" em um mundo de "políticas monetárias sem limites", onde os bancos centrais imprimem muito dinheiro e os juros baixos ou negativos prevalecem, disse Parrilla, que entrou na empresa como diretor administrativo de commodities no mês passado. Ele já trabalhou no Goldman Sachs e no Bank of America Merrill Lynch.

"À medida que parte dos excessos em outras classes de ativos diminui, o ouro terá um desempenho muito forte", disse Parrilla, 43, que tem quase 20 anos de experiência nos mercados de metais preciosos. O "cenário da tempestade perfeita significará que o ouro vai ter um desempenho melhor quando outras classes estiverem se saindo pior".

Embora tenha subido 24 por cento neste ano em meio aos juros baixos ou negativos, o ouro despencou mais de 40 por cento em relação ao recorde registrado em 2011 até o fim do ano passado e chegou ao que Parrilla considerou níveis "muito sobrevendidos, muito distressed". Como o lado negativo é de apenas umas poucas centenas de dólares, a razão entre o risco e a recompensa é extremamente assimétrica e tende para o lado positivo, disse ele em entrevista no dia 14 de setembro.

O Banco do Japão mudou o foco do estímulo, passando do aumento da oferta de dinheiro ao controle das taxas de juros, e alguns economistas consideraram que este é mais um indício de que a efetividade da política do BOJ chegou ao limite. Em relação ao banco central dos EUA, os traders calculam apenas 22 por cento de chances de um aumento dos juros do Fed.

Gross e Singer

Parrilla entra no grupo de investidores que estão otimistas com o ouro por causa do baixo custo do crédito e das compras de títulos realizadas pelos bancos centrais. O bilionário gestor de fundos de renda fixa Bill Gross disse que não há muitas opções além do ouro e dos imóveis, considerando-se os rendimentos atuais dos títulos, e tanto Paul Singer quanto David Einhorn e Stan Druckenmiller defenderam a posse do metal neste ano.

Mas nem todos têm certeza de que os preços subirão. A probabilidade de três aumentos dos juros até o fim de 2017 implica que haverá pouco espaço para altas, de acordo com Luc Luyet, estrategista cambial da Pictet Wealth Management. A Cohen & Steers Capital Management, que administra US$ 61 bilhões, interrompeu sua alocação de ouro, e o investidor Jim Rogers disse após o referendo do Brexit, em junho, que ele preferiria buscar refúgio no dólar, não no ouro.