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Concessionárias de energia elétrica digitalizam redes na Europa

Mathew Carr e Naomi Christie

04/10/2016 15h42

(Bloomberg) -- As concessionárias de energia elétrica, afetadas pela queda dos preços das commodities e por programas antipoluição, vão ganhar um salva-vidas de alta tecnologia.

Depois de perderem quase metade do seu valor desde 2007, as empresas de energia europeias estão deixando para trás os combustíveis fósseis, cujos lucros praticamente evaporaram em meio à concorrência subsidiada da energia renovável. Ao levar as redes elétricas para a era digital, as concessionárias de energia elétrica podem ganhar taxas de baixo risco regulamentadas pelo governo para distribuição de energia, assim como novas receitas com uma gestão de redes mais eficiente e o fornecimento de energia para sistemas domésticos de armazenamento em baterias e de veículos elétricos.

As redes elétricas europeias vão gastar cerca de 62 bilhões de euros (US$ 69 bilhões) na digitalização das redes até 2025, investimento que poderia quase dobrar o rendimento dos dividendos das concessionárias de energia elétrica, para um máximo de 9 por cento, segundo o Goldman Sachs. Os gastos em redes inteligentes já aumentaram, com uma alta de 10 por cento no mundo que foi um recorde no ano passado, mostram dados da Bloomberg New Energy Finance.

"Investir na digitalização é muito rentável", disse Alberto De Paoli, diretor financeiro da Enel, a maior concessionária de energia elétrica da Europa em valor de mercado, que começou a instalar medidores inteligentes na Itália na virada do século. "Este superciclo é algo que já estamos vendo".

Vantagens

A instalação de medidores inteligentes elimina o custo de visitar pessoalmente os clientes. Outros benefícios são a prevenção de furtos de energia, a possibilidade de vender o superávit de geração renovável e uma melhor administração da oferta e da demanda. O investimento inicial de 2 bilhões de euros feito pela Enel em medidores inteligentes foi compensado em quatro anos, disse a empresa com sede em Roma.

A Enel teria que gastar cerca de 17 bilhões de euros para instalar medidores inteligentes e software e atualizar as subestações de eletricidade em uma digitalização para seus 62 milhões de clientes da Itália ao Brasil, de acordo com o Goldman. Uma atualização desse tipo aumentaria a base de ativos sobre a qual os governos permitirão que a concessionária de energia elétrica obtenha um retorno fixo ou regulado.

Esses números "não estão tão longe da realidade", disse De Paoli, da Enel. "O futuro está chegando mais rápido do que todos esperam".

Essa tecnologia tão avançada ainda enfrenta obstáculos. No Reino Unido, planos do governo para instalar medidores inteligentes em todas as casas e empresas até 2020 cambalearam em meio a demoras com os componentes. Preocupações sobre privacidade em relação ao uso dos dados gerados pelos medidores e falhas técnicas também atrapalham o avanço.