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Samsung faz agricultores ganharem mais que corretores no Vietnã

Nguyen Dieu Tu Uyen e John Boudreau

06/10/2016 11h23

(Bloomberg) -- Há alguns anos, Nguyen Thi Dung alimentava galinhas e plantava arroz para ganhar a vida em uma das áreas mais pobres do Vietnã. Neste ano, ela espera lucrar mais do que um típico corretor de ações do país. A diferença? A Samsung.

A gigante sul-coreana dos eletrônicos chegou aos arrozais da província de Bac Ninh, no norte do Vietnã, e começou a produzir smartphones há sete anos. Entre as últimas exportações estão os novos telefones Galaxy Note 7 e suas baterias, que envolveram a marca global em um enorme recall de produtos. Esses aparelhos transformaram a pacata vila de Dung no segundo maior centro exportador do país, atrás da cidade de Ho Chi Minh.

"Nossas vidas melhoraram muito desde a chegada da Samsung", diz a ex-agricultora de 57 anos, que agora aluga quartos e vende mercadorias para os operários e espera ganhar o equivalente a US$ 68.000 neste ano. "Quero comprar um carro para os meus filhos me levarem para passear."

A Samsung Electronics e suas afiliadas construíram um polo fabril com 45.000 jovens trabalhadores e centenas de fornecedores de componentes estrangeiros -- uma versão em miniatura dos chamados conglomerados familiares chaebol que dominavam os negócios na Coreia. O investimento beneficiou os negócios em Bac Ninh -- quase 2.000 novos hotéis e restaurantes foram abertos entre 2011 e 2015, segundo o escritório provincial de estatísticas -- ajudando a elevar o PIB per capita da província para três vezes a média nacional.

"O investimento da Samsung criou uma inovação que impulsionou o crescimento econômico não apenas de Bac Ninh, mas do país", disse Nguyen Phuong Bac, chefe do instituto socioeconômico de Bac Ninh. "Isso acelerou a industrialização do país."

A companhia coreana representa a primeira fase do plano do Vietnã para herdar uma fatia do mercado de manufatura da China, que está perdendo fabricantes de roupas, eletrônicos e bens de consumo devido ao aumento dos salários e dos custos. A capacidade da China de atrair investimento fabril do exterior nos anos 1980 e 1990 ajudou o país a formar fornecedores domésticos e, finalmente, suas próprias companhias. A Samsung Electronics abriu sua primeira fábrica na China em 1992.

Mais da metade das 856 empresas estrangeiras, que investiram um total combinado de US$ 11,9 bilhões até junho em Bac Ninh, eram relacionadas à Samsung. O investimento estrangeiro atualmente responde por 60 por cento da economia da província, disse Nguyen Duc Cao, vice-diretor do Conselho de Gestão das Zonas Industriais de Bac Ninh, que possui um telefone Samsung S6 dourado.

O investimento de US$ 15 bilhões da Samsung no Vietnã transformou a empresa na maior exportadora do país, com o embarque de cerca de US$ 33 bilhões em eletrônicos no ano passado. No ano anterior à chegada da empresa sul-coreana as exportações totais de telefones celulares e outros produtos de telecomunicações do Vietnã somaram US$ 593 milhões.