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Antes inimiga pública número 1, manteiga volta com tudo nos EUA

Leslie Patton

14/03/2017 17h59

(Bloomberg) -- Os hipsters a colocam nos coquetéis e no café. Uma grande distribuidora de alimentos a está adicionando ao novo item de panificação da moda. A Bob Evans Farms a utiliza em seus waffles e o McDonald's, em seus famosos muffins.

Que nova loucura é essa? Trata-se de uma velha conhecida de seus avós: a manteiga. Sim, a manteiga está de novo na moda. Os norte-americanos deverão consumir impressionantes 8 por cento a mais de manteiga do que no ano passado, atingindo a marca de 940.000 toneladas, quase o peso de três Empire State Buildings. É o maior total desde 1967, pelo menos, mostram dados do Departamento de Agricultura.

Antes considerada inimiga número 1 da saúde pública, a manteiga agora é vendida como uma alternativa mais saudável à margarina e à gordura trans. Ajuda o fato de os especialistas em dieta agora estarem concentrando suas atenções nos males do açúcar, distanciando o holofote da manteiga, conhecida por obstruir artérias.

Os consumidores não precisam de um grande poder de convencimento para comerem as delícias da distribuidora US Foods Holding, empresa que teve um salto de quase 7 por cento nas vendas de manteiga no ano passado mesmo com uma ligeira queda da receita geral. A companhia está comercializando um item de pastelaria chamado Kouign Amann, uma variação de 330 calorias de um croissant caramelizado. Um quarto dele é manteiga.

"Ela tem esse gosto umami em que a boca simplesmente fica cheia d'água e você quer continuar comendo", disse Rick Gresh, diretor de operações culinárias para os EUA do AceBounce, em Chicago, restaurante que venderá o item em junho.

Alerta na dieta

Assim como todas as modas, essa pode ter ido longe demais, alerta Kristin Kirkpatrick, especialista em dietas que gerencia programas de nutrição no Cleveland Clinic Wellness Institute.

"A manteiga não deixa de ser uma gordura e tem muitas calorias", disse ela. "Se você vai cozinhar um ovo, por exemplo, ou vai fritar algo, acho que o azeite de oliva é uma opção melhor."

Outro ponto negativo da manteiga: os custos crescentes. Os preços dos contratos futuros na Bolsa Mercantil de Chicago acumulam alta de 14 por cento os últimos cinco meses e são os mais caros da história para essa altura do ano, a US$ 2,19 a libra-peso.

A popularidade da manteiga ganhou força na primeira metade do século 20, quando a oferta era abundante. A escassez e o racionamento do alimento durante a Segunda Guerra Mundial, contudo, abriram caminho para o crescimento da margarina, que atingiu o pico nos anos 1970 e 1980.

Agora, a Bulletproof -- uma empresa moderna que comercializa alimentos e suplementos -- recomenda a adição de algumas colheres de sopa de manteiga sem sal com ervas no café para "energizar a mente e o corpo".
E não esqueça de uma combinação clássica: a infusão de bebidas alcoólicas com manteiga. No Back Bay Harry's, em Boston, a mistura é popular. Um drinque chamado The King of the North aparece no topo de uma lista de destaques: bourbon Old Forester, contratto rosso e, bem, manteiga.