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Metas de bonificação de executivos são fáceis em setor volátil

Morten Buttler, Alicia Ritcey e Joe Deaux

17/03/2017 16h29

(Bloomberg) -- Alguns executivos da U.S. Steel tiveram uma meta fácil de ser atingida para poder ganhar uma bonificação no ano passado. Muito fácil? Suas divisões podiam perder milhões de dólares e mesmo assim eles receberiam uma bolada grande.

Há muito tempo que os acionistas se queixam de empresas que estabelecem metas de compensação fáceis para seus executivos. Os benchmarks inferiores a zero da U.S. Steel são especialmente evidentes, mas sugerem que décadas de tentativas da governança corporativa de atrelar o salário dos executivos ao desempenho financeiro das empresas parecem ter chegado ao seu auge no setor altamente volátil das commodities.

Quando os preços caem muito, os chefes recebem apenas frações dos seus pacotes salariais multimilionários devido a fatores que eles não podem controlar. Mas metas mais baixas podem resultar em bonificações excessivas quando os preços se recuperam, atraindo a ira dos fiscais de compensações e dos investidores.

"Até mesmo as fórmulas mais bem concebidas falham em algum momento", disse John Roe, diretor de analítica da Institutional Shareholder Service. "Os programas de compensação não estão pensados para lidar com essas mudanças drásticas."

Inferiores a zero

O conselho da U.S. Steel adotou benchmarks negativos em resposta a um 2015 agitado, quando o preço do aço recuou mais de 35 por cento e as ações entraram em queda livre. Então, para 2016, prevendo outro ano ruim, os diretores reduziram as metas de desempenho que estabelecem o pagamento de bonificações - em alguns casos, colocando as metas de lucro abaixo de zero.

Os vice-presidentes seniores Douglas Matthews e James E. Bruno seriam premiados com 100 por cento das bonificações se a divisão de aço laminado plano, o maior segmento operativo da empresa, perdesse US$ 15 milhões em 2016. O número refletia o ano ruim da unidade em 2015, quando perdeu US$ 237 milhões.

Mas o mercado do aço se recuperou e a unidade de laminado plano ganhou US$ 345 milhões antes de juros e impostos. Consequentemente, os pagamentos em dinheiro dos executivos foram equivalentes a 175 por cento dos objetivos. O CEO Mario Longhi recebeu uma bonificação de US$ 4,53 milhões, a maior de sua carreira, refletindo uma renda líquida total da empresa de mais do dobro da meta.

A U.S. Steel não quis fazer mais comentários além dos feitos em um relatório aos acionistas.

Descontentamento

As consequências podem ser vistas no descontentamento dos acionistas nas reuniões anuais das empresas. A U.S. Steel recebeu menos de 80 por cento de apoio dos acionistas para seu programa de compensação de executivos em duas das três votações consultivas mais recentes, mostram fatos relevantes. A taxa está abaixo da média de 92 por cento das empresas do índice Russell 1000, segundo dados compilados pela Bloomberg. Os investidores da U.S. Steel reclamam que os incentivos de longo prazo outorgados não têm correlação com o desempenho da empresa, segundo relatório aos acionistas.