Investidores encontram joias na 'carcaça' da falida SunEdison
(Bloomberg) -- Com a incrível falência daquela que era considerada a maior empresa de energia renovável do mundo, uma série de parques eólicos e solares está sendo engolida por investidores em infraestrutura, desenvolvedoras de energia limpa e até por um time de futebol vegano.
Desde que abriu o maior processo de recuperação judicial dos EUA em 2016, a SunEdison realizou a maior venda de ativos de energias renováveis da história. A empresa se desfez de US$ 1 bilhão em ativos localizados no Sul da Califórnia, no Chile e na Índia, entre outros -- alguns por meio de negócios que quebraram recordes --, o que inclui projetos que teriam morrido sem novos donos. As energias eólica e solar respondem por mais de 11 por cento da eletricidade global e o colapso induzido por dívidas da empresa permitiu que os concorrentes aumentassem sua influência ou entrassem em novos mercados.
"As desenvolvedoras estão atacando a carcaça", disse Nathan Serota, analista da Bloomberg New Energy Finance em Nova York, em entrevista. "Parece que a carcaça não era tão ruim assim."
Com sede em Maryland Heights, Missouri, a SunEdison formou seu portfólio aproveitando a popularização da energia limpa. Sua engenharia financeira ajudou a energia eólica e solar a responderem por mais da metade da capacidade das novas usinas de energia dos EUA na última década. Nesse processo, a companhia acumulou US$ 16,1 bilhões em passivos até a época em que pediu recuperação judicial, em 21 de abril do ano passado.
Sua ascensão foi marcada por aquisições importantes anunciadas nos sete primeiros meses de 2015, que transformaram a SunEdison em um dos principais motores das ambições de energia limpa de alguns países em desenvolvimento, entre eles a Índia.
Agora, a empresa estuda um retorno. Após alternar entre uma redução e uma reorganização desde que decretou falência, a companhia anunciou no mês passado um esboço de sua reestruturação. Mas também vendeu muitos de seus melhores ativos e perdeu funcionários importantes, levantando dúvidas sobre se restou algo de valor na empresa.
"A empresa não retornará com nada importante. Será apenas o resto ou a sombra do que foi", disse Swami Venkataraman, analista da Moody's Investors Service em Nova York, no mês passado.
A SunEdison não fez nenhum comentário oficial.
Acordos grandes
Independentemente de a SunEdison prosperar ou não, seus ativos encontram donos que os adoram.
Seu processo de vendas fragmentadas começou como algo temporário, mas logo ficou claro que as grandes transações eram as preferidas. Com isso, houve menos acordos, o que é uma vantagem, considerando que a SunEdison em algum momento comercializou vários gigawatts de ativos. Isso favoreceu grandes companhias capazes de lidar com o financiamento e o desenvolvimento de projetos de grande escala, incluindo a maior produtora independente de energia dos EUA, a NRG Energy.
Do fim de dezembro até o primeiro trimestre, a SunEdison fechou mais de US$ 250 milhões em negócios, segundo informações do processo de falência.
"O excepcional foi a escala do portfólio como um todo -- o fato de incluir cada fase de desenvolvimento, de cobrir cada geografia imaginável", disse Craig Cornelius, vice-presidente sênior de renováveis da NRG, que tem sede em São Francisco. "Isto foi um resultado da expansão que a SunEdison havia realizado."
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