IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

United escolhe momento curioso para seduzir mais passageiros

Justin Bachman

19/04/2017 14h44

(Bloomberg) -- Precisamente no momento em que está lidando com as repercussões de um desastre de seu serviço ao cliente, a United Airlines está buscando um impulso de crescimento -- um esforço para reconquistar aquilo que seu presidente chama de "participação de mercado natural" da empresa após anos de decisões que cederam tráfego à concorrência.

No segundo trimestre, a United planeja impulsionar o crescimento doméstico em até 5,5 por cento em um momento em que seus voos principais são expandidos e que os jatos regionais estão desaparecendo em rotas comerciais tradicionais, como Chicago-Washington e Newark-Atlanta. A opção por jatos maiores para muitos destinos é pensada para mostrar que a United tem um produto superior e para torná-la mais competitiva frente às rivais domésticas. A United também deseja controlar fatias maiores em seus hubs, basicamente da mesma forma que suas concorrentes fazem em cidades como Atlanta, Dallas-Fort Worth, Charlotte, na Carolina do Norte, e Detroit.

"Isto não significa tentar invadir o hub dos outros. Isto significa recolocar a United no lugar em que ela deve estar", disse o presidente da empresa, Scott Kirby, a analistas, na terça-feira, tentando garantir a eles que não há disputas por território e guerras tarifárias no horizonte.

O momento é um pouco estranho, considerando as ferozes críticas globais recebidas pela empresa aérea na semana passada devido ao incidente em Chicago. A aérea chamou a segurança em um portão de embarque do Aeroporto Internacional O'Hare, em 9 de abril, quando o dr. David Dao se recusou a abrir mão de seu assento em favor de um funcionário da empresa aérea. Dao sofreu concussão e teve o nariz quebrado e outros ferimentos quando o pessoal de segurança o arrastou para fora do avião. Seus advogados afirmam que ele planeja processar a empresa.

Os executivos da United afirmaram na terça-feira que responderam a "perguntas e preocupações apropriadas" de clientes corporativos e que estão analisando o ataque ao passageiro, assim como novas políticas que visam a evitar uma repetição dessa situação. Naturalmente, essa revisão fará ressurgir as notícias sobre o incidente e voltará a chamar a atenção para o fato quando a United publicar o relatório, no fim do mês.

Raro crescimento doméstico

O crescimento doméstico planejado da United, embora modesto em relação às operadoras de baixo custo, é raro nesta era, na qual quatro enormes empresas aéreas dividem a maior parte do mercado dos EUA. A American Airlines Group planeja um crescimento em todo o sistema de 1 por cento no segundo trimestre, enquanto a Delta Air Lines planeja um crescimento de 1 por cento ou menos, ou talvez nenhum. Dentro dos EUA, a Southwest Airlines mira um crescimento de 2,5 por cento para o ano cheio.

A estratégia de crescimento da United nos hubs, iniciada na gestão de Kirby, que é ex-presidente da American Airlines, é uma notável inversão em relação à abordagem de rede da United após sua fusão com a Continental, em 2010. Sob o comando do ex-CEO Jeff Smisek, a empresa aérea recorreu aos voos regionais e encolheu domesticamente em resposta aos retornos financeiros fracos em relação aos do setor.

"A United adotou uma série de ações cumulativas nos últimos três ou quatro anos que a fizeram perder sua participação natural e que prejudica suas finanças", disse Kirby aos analistas, acrescentando: "E vocês costumavam participar dessas conferências de lucros e bater duro nelas." A solução de reduzir a capacidade, proposta por Wall Street, só piorou as coisas, disse ele.