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Restaurantes do Japão frustram plano de Olimpíada sem fumo

Kanoko Matsuyama e Yuki Hagiwara

25/04/2017 12h41

(Bloomberg) -- Os planos do Japão para deixar Tóquio "livre de fumo" antes dos Jogos Olímpicos enfrentam um novo obstáculo. Os parlamentares continuam indecisos em relação a um projeto de lei desenvolvido para proibir o uso de cigarros em espaços públicos fechados após uma reação negativa da indústria gastronômica do país.

O projeto de lei do Ministério da Saúde japonês, que visa a restringir o fumo em lugares públicos como escolas, hospitais, edifícios do governo, bares e restaurantes, enfrenta a oposição de cerca de 90 por cento dos parlamentares do Partido Liberal Democrata, que governa o país. Eles argumentam que, com a lei, bares e restaurantes teriam que fechar as portas.

Mesmo depois de o primeiro secretário do gabinete Yoshihide Suga ter ordenado que o ministro da Saúde, Yasuhisa Shiozaki, convencesse o partido a apoiar o projeto de lei, sua discussão continua bloqueada no comitê de saúde do partido porque nenhum dos lados quer ceder. O governo não desistiu da proposta porque essa pode ser a última chance de o Japão ter uma lei nacional para abordar o fumo passivo, segundo a presidente da comissão, Naomi Tokashiki.

As restrições propostas receberam duras críticas dos bares e restaurantes. Shigeru Ishii, chefe de operações da Associação Japonesa de Serviços Gastronômicos, disse no mês passado que esses negócios deveriam ter permissão para fazer o que convém a seus clientes. A reação não reflete a tendência da população em geral, já que o número de fumantes no país vem caindo constantemente ao longo dos anos. Cerca de 18 por cento dos adultos japoneses fumavam todos os dias ou ocasionalmente em 2015, contra 24 por cento há uma década.

Voz mais forte

"A voz dos donos de empresas foi muito mais forte do que os riscos à saúde", disse Tokashiki, em entrevista, em 4 de abril. "Até mesmo os parlamentares que entendiam os riscos à saúde enfrentaram conflitos de interesse."

Os esforços para elevar os impostos e deixar o país livre de fumo vêm sendo obstaculizados há tempos pelo fato de o governo manter uma participação na Japan Tobacco, uma das maiores fabricantes de cigarros do mundo. Em fevereiro, a Japan Tobacco projetou um lucro anual abaixo das projeções dos analistas em meio a uma batalha contra a queda do número de fumantes tradicionais, juntamente com os problemas para a fabricação de cigarros eletrônicos alternativos, e suas ações caíram 19 por cento nos últimos 12 meses.

A proposta atual do projeto de lei não leva em consideração os operadores de negócios distintos e é rígida demais, disse o porta-voz da Japan Tobacco, Masahito Shirasu, reiterando um comunicado de fevereiro. Existe um receio de que a lei não seja razoável, nem equilibrada, disse Shirasu.