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Samsung investe na próxima geração de remédios biológicos

Natasha Khan

16/05/2017 12h40

(Bloomberg) -- A marca Samsung é mais conhecida por seus smartphones e televisores de tela ampla. No entanto, nos bastidores, o conglomerado também está ganhando fama como fabricante contratado de medicamentos complexos para tratar doenças como o câncer.

Em um lote do aterramento marítimo no litoral oeste da Coreia do Sul, a Samsung BioLogics está construindo uma fábrica de US$ 740 milhões que lhe dará a capacidade de se tornar o maior produtor em volume de uma classe de medicamentos chamados biológicos, muitos dos quais são derivados de células de mamíferos.

O grupo Samsung incursionou pelo setor farmacêutico em 2011. Agora, mobiliza sua perícia na fabricação de semicondutores e seu know-how de engenharia para aumentar a eficiência na produção de remédios biológicos em nome de grandes companhias farmacêuticas. Projeta-se que o mercado de medicamentos biológicos, que são usados para tudo, do câncer à artrite, excederá US$ 223,7 bilhões em 2021, de acordo com uma análise da Bloomberg Intelligence.

Ser uma potência no campo dos remédios biológicos é crucial para a Samsung ? e para a Coreia do Sul. Os smartphones Galaxy e outros produtos eletrônicos de consumo enfrentam a concorrência acirrada da Apple e de marcas chinesas como Huawei Technologies, e o chaebol enfrenta dificuldades devido à prisão de seu líder de facto Jay Y. Lee em um escândalo que derrubou a ex-presidente do país. Ao mesmo tempo, a economia como um todo precisa de novos setores, porque a construção naval e a fabricação pesada estão desacelerando.

Se os últimos 40 anos de crescimento econômico global foram estimulados pela tecnologia, disse Kim Tae-han, diretor executivo da Samsung BioLogics, o próximo será estimulado por sua intersecção com a assistência médica.

Edison

Em uma entrevista na sede da empresa em Incheon, Kim disse que está se preparando para acelerar a produção e que negocia mais de 15 contratos novos. O conselho da Samsung lhe deu luz verde e US$ 2 bilhões para começar a unidade há aproximadamente seis anos. No entanto, com base na demanda e no desempenho dos negócios, "já gastei US$ 3 bilhões!", disse Kim. As vendas totalizaram 107,6 bilhões de wons (US$ 96 milhões) no primeiro trimestre, um aumento de 2,1 por cento em relação ao ano anterior, embora a unidade tenha registrado um prejuízo líquido.

Mais de 2.000 trabalhadores da construção civil ? a maioria com experiência em instalações de semicondutores ? circulam pelo local da fábrica, a cerca de uma hora de carro de Seul. A instalação é chamada de Edison e é a terceira unidade de medicamentos da empresa. Seus cinco andares abrangem 34 metros, criando espaço para tanques personalizados tão grandes que atravessam vários andares.

Os remédios biológicos são criados a partir de células. Isso exige um processo de fabricação mais complexo do que os comprimidos comuns ? uma mistura de produtos químicos ?, mas torna os medicamentos biológicos mais eficazes e capazes de serem direcionados a determinadas doenças.

A Samsung já fabrica por contrato alguns remédios de grande sucesso, inclusive para a suíça Roche Holding e para a americana Bristol-Myers Squibb. Levará três anos para que a fábrica atinja sua capacidade máxima após ser concluída neste ano e inaugurada no final de 2018, disse Kim.

Globalmente, a indústria farmacêutica produz 4 milhões de litros de remédios biológicos por ano, e projeta-se que o volume vai dobrar até 2030, disse Kim. Com a nova fábrica, a Samsung BioLogics está se posicionando para dobrar sua participação de mercado. As ações subiram 24 por cento este ano, para 187.000 wons. Isso se compara com o aumento de 13 por cento do índice de referência Kospi.

"Queremos ser um grande ator mundial em todos os setores em que entramos", disse Kim. "Em 2030, gostaríamos de ser considerados um dos líderes globais em produtos biofarmacêuticos."