Alerta de Merkel à Europa é respondido nos países nórdicos
(Bloomberg) -- Com Vladimir Putin no leste e Donald Trump no oeste, a chanceler alemã, Angela Merkel, agora está dizendo à Europa que o continente precisa se cuidar sozinho. O alerta já está sendo respondido pela região mais rica do continente.
Suécia, Dinamarca, Finlândia e Noruega vêm aprofundando sua cooperação militar nos últimos dois anos para conter a piora da situação de segurança no Báltico e no Ártico. Os países também estão forjando laços mais próximos em questões mais brandas, apresentando nesta semana a iniciativa conjunta de cumprir metas de sustentabilidade, promovendo os valores comuns de igualdade social da região habitada por 20 milhões de pessoas e discutindo uma interação conjunta com a China.
"Não há dúvida de que a Europa precisa assumir uma responsabilidade maior. Temos que investir mais em defesa e segurança", disse a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, em entrevista, nesta segunda-feira, momento em que os líderes nórdicos iniciam uma cúpula de dois dias em Bergen, na Noruega. O país garantirá uma boa cooperação "com seus aliados mais próximos, sendo que alguns estão na UE e outros do outro lado do Atlântico", disse ela.
A cúpula nórdica começou um dia depois de Merkel dizer que as relações de confiança forjadas na Europa desde o fim da Segunda Guerra Mundial "de certa forma acabaram". A chanceler alemã fez esses comentários após reunião com o presidente dos EUA, Donald Trump, em Bruxelas e na Sicília, na semana passada.
Solberg e o primeiro-ministro finlandês, Juha Sipila, alertaram para que as declarações de Merkel não sejam interpretadas como uma grande mudança.
Fora da Otan
Os comentários fizeram referência principalmente ao lado econômico, afirmando "que os países europeus devem assumir uma responsabilidade maior pelo orçamento da Otan", disse Sipila. "Essa mensagem foi bastante clara o tempo todo. Ao mesmo tempo, isso significa que podemos cooperar mais dentro da União Europeia" e que "está aberta a janela para uma cooperação em termos de defesa", disse ele.
As maiores mudanças políticas na região foram vistas na Finlândia e na Suécia, que, diferentemente da Dinamarca e da Noruega, não são membros da Otan. Os dois países vizinhos intensificaram a cooperação militar e também forjaram laços mais próximos com a aliança militar sem entrarem diretamente na Otan. A proximidade da Finlândia com a Rússia a impediu de se tornar membro de pleno direito e a Suécia mantém uma antiga crença de que a neutralidade oficial é sua melhor opção.
Os quatro países ampliaram os gastos, sendo que Dinamarca e Noruega atualmente trabalham no sentido de alcançar a meta de investimento de 2 por cento cujo descumprimento pelos integrantes da Otan gerou críticas de Trump.
'Graves dificuldades'
Devido às diferentes alianças de segurança, Solberg disse que uma cooperação nórdica mais próxima provavelmente se concentrará em questões econômicas.
"A cooperação europeia se tornará mais forte daqui para a frente e então cooperaremos com nossos aliados mais próximos, mas a Suécia e a Finlândia também são aliados próximos", disse ela.
Mas no momento a Suécia está em "graves dificuldades" devido ao desarmamento realizado desde o fim da Guerra Fria, segundo o diplomata finlandês René Nyberg, que atuou como embaixador da Finlândia em Moscou e Berlim.
"Há muitos blocos de construção, que são bastante sólidos", disse Nyberg, em entrevista em Helsinque, em 24 de maio. "A cooperação militar da Finlândia com a Suécia avançou a um ritmo incrível e é um grande sucesso. A Suécia precisa disso -- não é apenas a Finlândia que precisa."
Sipila disse que a cooperação "é muito importante para ambos os países".
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