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J&F oferece colateral adicional em reunião com credores: Fontes

Felipe Marques, Cristiane Lucchesi e Gerson Freitas Jr.

09/06/2017 14h07

(Bloomberg) -- A J&F Investimentos, a empresa da família Batista que está no epicentro da última turbulência política no Brasil, assegurou a seus principais bancos credores que o grupo permanecerá líquido e que pode oferecer mais colateral em empréstimos, segundo pessoas com conhecimento direto do assunto.

Representantes da J&F, que controla a maior produtora de carne do mundo, a JBS, se reuniram com credores na terça-feira e se comprometeram a acelerar a venda de ativos e a utilizar ações das empresas do grupo como colateral em empréstimos, disseram as pessoas, que pediram anonimato porque as discussões são privadas. Os representantes não especificaram quais ativos seriam vendidos, segundo as pessoas, duas das quais participaram da reunião.

A J&F também afirmou que quitará parte dos empréstimos e prometeu reduzir o abate de gado para evitar uma crise de liquidez, ao mesmo tempo em que também pediu que os credores formassem um grupo para negociar com a companhia, segundo as pessoas.

Caixa Econômica

Os bancos concordaram em continuar a rolar as linhas de crédito atuais, com exceção da Caixa Econômica Federal, a maior credora da holding, segundo as pessoas. O banco tem uma regra interna que o impede de conceder empréstimos a empresas acusadas de corrupção, mesmo aquelas que assinaram acordos de delação premiada, disse uma pessoa, acrescentando que o banco não pedirá resgate antecipado de nenhuma dívida, mas que não permitiria saques de contas garantidas.

A J&F, empresa holding dos magnatas brasileiros da carne Wesley e Joesley Batista, concordou na semana passada em pagar R$ 10,3 bilhões (US$ 3,16 bilhões) ao longo de 25 anos como parte do acordo sobre corrupção e outros crimes. Os irmãos e mais cinco executivos do grupo assinaram um acordo de delação com o Ministério Público Federal afirmando que subornaram mais de 1.800 políticos, gerando uma queda nos ativos brasileiros e mergulhando o país novamente em uma crise política em meio a acusações contra o presidente Michel Temer. Os Batista concordaram em pagar R$ 225 milhões em multas e não irão a julgamento.

A Caixa mantém mais de R$ 5 bilhões em crédito para a J&F, disse uma pessoa. O Banco do Brasil é o segundo, com cerca de R$ 4,7 bilhões em empréstimos, seguido pelo Banco Santander Brasil, com cerca de R$ 4 bilhões, pelo Banco Bradesco, com R$ 3,2 bilhões, e pelo Itaú Unibanco, com R$ 1,5 bilhão, disseram pessoas com conhecimento do assunto. Os números não incluem dívidas de unidades da J&F, disseram as pessoas.

Banco do Brasil, Itaú, Caixa, Bradesco e J&F preferiram não comentar. O Santander não respondeu a um e-mail com pedido de comentário sobre seus empréstimos à J&F.

Vendas de ativos

A JBS anunciou na terça-feira que está vendendo alguns ativos na América do Sul à sua maior rival brasileira, a Minerva, por US$ 300 milhões, afirmando que os recursos da venda serão usados para ajudar a reduzir sua alavancagem.

A família Batista terá que vender alguns ativos em meio à preocupação cada vez maior com seu negócio, disseram pessoas com conhecimento do assunto no mês passado. Entre as empresas que provavelmente serão colocadas à venda estão a fabricante de sandálias Alpargatas, a Eldorado Brasil Celulose, o Banco Original, a produtora de lácteos Vigor Alimentos e a empresa de cosméticos Flora, além de linhas de transmissão e usinas de energia, disseram as pessoas. A JBS afirmou em um comunicado, na quarta-feira, que ativos principais da Pilgrim's Pride na JBS USA ou em qualquer outra parte do mundo não estão à venda.