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Setor mais popular dos EUA agora são os depósitos para coisas

Patrick Clark

13/06/2017 11h30

(Bloomberg) -- Todos os dias o setor de varejo dos EUA sofre à medida que shoppings e pontas de estoque fecham suas portas. No entanto, mais americanos estão comprando -- on-line, de pijama - e, segundo a física, as coisas novas e velhas desses consumidores precisam ser guardadas em algum lugar.

E assim chegamos ao renascimento do autoarmazenamento.

Enquanto as cadeias de varejo estão falindo e os hedge funds apostam em hipotecas comerciais usadas para financiar shoppings moribundos, o setor de minidepósitos bateu recordes de gastos em construção em cada um dos últimos seis meses. Empresas de capital de risco estão fazendo grandes apostas em startups que ajudam os consumidores a administrarem seus pertences físicos -- na nuvem. E alguns participantes do setor estão babando só de pensar na perspectiva de comprar lojas de departamentos fechadas e transformá-las em centros de armazenamento com drive-thru.

E por que não? "Esse é o significado da vida, não é?", meditava um grande comediante, o falecido George Carlin, em uma piada famosa. "Tentar arrumar espaço para suas coisas."

Boom

Além das preocupações existenciais, os membros do setor dizem que o boom de construção de autoarmazenamento em andamento remonta à crise financeira, quando o financiamento para novas construções de qualquer tipo esgotou. As construtoras ainda têm muita demanda atrasada desses anos ociosos; os investidores, por sua vez, perceberam que os ativos se desempenharam bem durante a recessão e começaram a comprar centros de armazenamento como hedge contra futuras retrações.

Para os proprietários, os custos baixos antes de juros e impostos e a demanda alta renderam margens gordas. A Public Storage, a maior operadora de armazenamento, registrou uma receita de US$ 538 milhões nos três primeiros meses deste ano, frente a US$ 149 milhões em custos operacionais. Isso permite uma margem bruta de 72 por cento -- mais do que o dobro da obtida pela Equity Residential, o gigantesco proprietário de apartamentos.

O novo setor de armazenamento gera tanto entusiasmo que parece que os únicos cautelosos são os maiores operadores. Eles preveem uma queda no gasto de consumo, o que diminuirá a necessidade de mais espaço para armazenar coisas.

O interesse dos investidores no setor de armazenamento fez com que os gastos para a compra de instalações em grandes mercados se tornassem menos atraentes, disse Ari Rastegar, fundador da Rastegar Equity Partners, com sede em Dallas, EUA. Para encontrar negócios melhores ele está procurando espaço de armazenamento na periferia das grandes cidades. Rastegar também está intrigado com a perspectiva de comprar muitas propriedades baratas de proprietários de varejo ansiosos para preencher os espaços abandonados pelos varejistas falidos.