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Drones de entrega dependem de previsão do tempo por quarteirão

Thomas Black

21/06/2017 12h21

(Bloomberg) -- Imagine uma previsão do tempo tão exata que forneça projeções de rajadas de vento para cada quarteirão de uma cidade. Em breve, dados meteorológicos tão específicos poderiam se tornar uma realidade - e uma necessidade para as futuras frotas de drones de entrega.

À medida que Amazon.com, United Parcel Service, Domino's Pizza e outras empresas se preparam para lançar a entrega de livros, remédios e pizza com drones autônomos, as companhias estão percebendo que a qualidade dos dados meteorológicos hiperlocais é o principal fator para que seus pacotes evitem nuvens de chuva e atravessem a ventania dos desfiladeiros urbanos.

"A questão do clima é muito importante", disse Sean Cassidy, diretor de segurança e assuntos regulatórios da unidade de drones da Amazon. "Não existe nada com o nível de detalhes que necessitamos para operar."

Há iniciativas em andamento para desenvolver sistemas de administração do tráfego que prevejam as condições meteorológicas de cada quarteirão de uma cidade a altitudes de apenas 121 metros. Isto promete abrir as portas para o santo graal dos serviços com drones: voos automáticos que façam entregas sem serem controlados por pilotos em solo, como atualmente.

Sistemas

As previsões do tempo para drones dependerão de sistemas com várias camadas de indicadores meteorológicos em solo, sensores nos próprios drones e dados dos serviços meteorológicos nacionais, e tudo isso alimentará modelos informáticos, disse Marcus Johnson, engenheiro de pesquisa aeroespacial do Centro de Pesquisa Ames, da Nasa, em Moffett Field, Califórnia. "Não é uma solução fácil", disse ele.

Áreas urbanas apresentam alguns dos maiores desafios. Prédios altos criam canais de vento que podem colidir e formar remoinhos potentes, disse Matthias Steiner, vice-diretor do Programa de Aplicações de Aviação, do Centro Nacional de Pesquisa Atmosférica dos EUA. Uma calçada ensolarada em frente de outra com sombra do outro lado da rua pode produzir ondas de calor desiguais, fato que causa correntes descendentes e ascendentes imprevisíveis. Os patrões meteorológicos de cidades no litoral ou no sopé de uma montanha também podem provocar muita confusão.

Experimentos

A BNSF Railway - a única empresa que faz voos de longa distância com drones nos EUA, projeto que ela assumiu como parte de um estudo da Administração Federal de Aviação do país - cancelou voos em andamento ou ainda no solo por causa das condições climáticas, disse Todd Graetz, diretor do programa de drones da BNSF. A ferroviária tem uma grande vantagem em relação a outras empresas que querem começar a operar drones: sensores localizados ao longo de suas ferrovias transmitem informações sobre ventos e chuvas fortes aos trens, dados que podem ser usados pelos operadores de drones da BNSF.

Do outro lado do mundo, em Ruanda, uma empresa chamada Zipline vem usando drones com asas fixas para entregar sangue a hospitais rurais desde outubro. No geral, a iniciativa tem sido bem-sucedida, mas o clima é um grande obstáculo - especialmente nas regiões montanhosas. A Zipline está trabalhando com pesquisadores para construir modelos e assim poder criar cenários hipotéticos para seus drones em diferentes condições.

Quanto mais dados sobre o clima houver, melhor, disse Keenan Wyrobek, cofundador da Zipline. "Na verdade, a ideia é fazer com que os sistemas consigam suportar as condições de ventos e rajadas mais loucas, para garantir que o vento não jogue seu drone contra um morro ou uma casa."

Título em inglês: Block-by-Block Weather Forecasting? Drone Delivery Depends on It